Animais de estimação vivem entre a adoção e o abandono

Isolamento social causa aumento em adoções de animais, porém o número de abandonos também cresceu no Brasil.

Sara Helane

Com o confinamento decorrente da pandemia de Covid-19 no Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pela AMPARA Animal, uma organização de mulheres que presta ajuda a abrigos e protetores independentes da causa animal, estima que, durante a pandemia, o abandono de animais de estimação cresceu cerca de 70% no país.

O médico veterinário, Brener Amadeu, alerta sobre os tipos de violência às quais animais em situação de rua estão sujeitos. Segundo Amadeu, violências como abandono, espancamento, mutilações, envenenamento, além de ficar desprotegidos de sol e chuva e não terem uma higiene adequada dificultam a vida desses bichos.

Sobre os tipos de doenças a que esses animais estão sujeitos, Amadeu diz que “elas vão desde verminoses, sarnas e infestação por pulgas e carrapatos até doenças como a cinomose, parvovirose e leptospirose.” Segundo ele, o risco desses animais adquirirem doenças aumenta principalmente porque muitos não estão vacinados e vermifugados.

Na cidade de Paranaguá, no estado do Paraná, a ONG Amigos Protetores, atua no resgate dos animais que estão em situação de vulnerabilidade, maus tratos, abandono e ou acidentados. Gabriel Antunes, fundador e presidente da organização, diz que todos os animais resgatados recebem o tratamento médico necessário e que somente depois da castração são encaminhados para a adoção responsável.

Com o confinamento em casa, o número de adoções aumentou, porém, por este mesmo motivo, o número de abandonos também cresceu. Sobre essa questão, Antunes diz que “no início da pandemia muitos animais foram doados, entretanto  percebemos que, de outubro a novembro de 2020, o número de abandonos e devoluções desses animais aumentou drasticamente.”

Fernando Machado, presidente e fundador da ONG Lar do Nando, diz que a organização recebe denúncias de extremo abandono e maus tratos de animais, porém, a ONG não consegue atender a todos por conta da grande demanda. Machado ainda fala que “aqueles que conseguimos resgatar, recebem todos os cuidados que eles necessitam, seja fazer exames, cirurgias ou qualquer outro atendimento.”

Machado diz que as adoções nesse período aumentaram, em contrapartida os abandonos também. “Se a gente for analisar a questão de abandono e de adoções nesse período, o abandono aumentou muito mais que as adoções.” Ele completa.

Ao serem resgatados das ruas, os animais precisam de cuidados especiais. Segundo Amadeu, os cuidados mais comuns são: alimentação, proteção, vacinação, vermífugos (medicamentos utilizados para o tratamento de doenças causadas por parasitas), visita ao veterinário pelo menos uma vez ao ano, castração, entre outros.

Sobre os riscos que esses animais, em situação de vulnerabilidade, podem oferecer aos humanos, Amadeu ressalta: “Por serem maltratados, esses animais podem ser agressivos e causarem um transtorno maior à população.”

Sair da versão mobile