Companhias aéreas flexibilizam exigências estéticas para aeromoças

Além de mudanças no uniforme empresas devem oferecer auxílios para conforto das comissárias de bordo.

Camilly Inacio

A companhia aérea ucraniana SkyUp decidiu priorizar o conforto de aeromoças no local de trabalho, aderindo ao tênis e calça no uniforme, no lugar de saias justas e saltos. O novo uniforme foi lançado dia 22 de outubro. 

Após várias reclamações das comissárias, a empresa decidiu rever algumas de suas exigências estéticas. Trocaram as saias por calças e os saltos por tênis, em um estilo bem moderno, além de mudar a exigência do penteado, para o conforto durante o período de trabalho.

A companhia ucraniana, no entanto, não foi a única que recebeu reclamações e precisou mudar algumas coisas. A Gol Linhas Aéreas, por exemplo, perdeu uma causa na justiça e terá que indenizar suas comissárias, que receberão uma taxa para comprar itens de beleza e realizar procedimentos estéticos. 

As exigências das empresas

As companhias aéreas são conhecidas por terem suas comissárias muito bem arrumadas, mas o custo para se manter sempre dessa forma é alto e muitas vezes doloroso, como no caso de saltos altos e procedimentos estéticos. 

Giana Tavares, ex-comissária, trabalhou durante 5 anos na empresa brasileira Gol, e 6 anos na Emirates Airlines até o ano de 2019. Segundo ela, é comum que existam padrões físicos, estéticos e até comportamentais. “Assim que uma pessoa é admitida ela precisa realizar cursos de etiqueta, maquiagem, entre outros. Isso existe na grande maioria das companhias”, declara Giana. 

Ela conta que existem regras muito similares entre as linhas aéreas, mas que umas são mais rígidas do que outras. Por exemplo, “Na Gol o código de roupas possuía saia, vestido e calça, ficava a nosso critério e era bem flexível. Até tínhamos desconto em algumas lojas de produtos de beleza”, expõe a ex-comissária.

Em contrapartida, na Emirates as regras estéticas eram mais rigorosas, “usávamos apenas saia e blazer, não podia tirar o chapéu em público, e antes de entrar no voo toda a tripulação ia para uma sala para avaliar se tudo estava de acordo com as regras”, diz Giana. 

Apesar de tudo, Giana afirma que não achava algo ruim e até se identificava com esse estilo, “e se uma pessoa não gosta, ela pode ir pra uma que cobre menos esteticamente falando”. Completa dizendo, “quando você decide trabalhar pra essa profissão você tem que procurar uma companhia que seja do seu perfil”.

Com o passar do tempo as regras mudaram 

Simone Flores, também ex-comissária de voo, trabalhou na antiga Tam, atual Latam, dos anos de 1992 a 1997. Nessa época, as exigências eram maiores esteticamente.

Simone conta que achava as regras exageradas, mas acabava por concordar já que era um diferencial de uma empresa que se destacava. Ela conta que “a maquiagem sempre precisava ser completa e o batom da cor vermelha, os cabelos presos com gel, de forma impecável, o uniforme era saia, até o joelho, com brincos discretos”.

Sobre as mudanças, Simone opina, “os uniformes estão mais despojados, não são tão clássicos, como na minha época. Acho a saia um diferencial, mas a calça é mais prática e confortável sem dúvida”.

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