Das piadas à realidade: desemprego exige nova face do mercado de trabalho

Novas exigências profissionais têm gerado frustrações no trabalhador brasileiro, apesar do bom humor na internet.

Fernanda Reis

Segundo levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, elaborado a partir das novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia global, a taxa de desemprego no Brasil deve ficar entre as maiores do mundo em 2022, 13,7%. Os dados comprovam que o mercado de trabalho tem exigido cada vez mais dos profissionais, que têm se deparado com vagas de emprego limitadas, salários baixos, benefícios escassos, o que dificulta também a busca pelo primeiro emprego.

Desafios do mercado

As exigências ao preencher uma vaga no mercado de trabalho têm sido uns dos desafios, pois a busca pelo profissional multitarefa tem crescido. “Agora não basta ser formado em economia, agora estão exigindo programação (vba e python) para qualquer vaga”, alega a economista Denise Souza.

Profissional da área de design há três anos, Guilherme Alencar compartilha do mesmo sentimento: “Você se forma em design voltado para impressão, mas o comércio pede impressão e internet. Aí você aprende a mexer na internet, mas o comércio quer também edição de vídeo. Você tenta mexer com vídeo, mas o comércio quer que você saiba marketing também. Enquanto você ainda está tentando aprender sobre audiovisual, agora o designer tem que saber psicologia”, afirma.

Outro fator preponderante é a  necessidade de experiência nas contratações, que tem pesado principalmente para o profissional recém-formado, levando-o a aumentar o currículo com cursos extras, ou aceitar um salário abaixo do piso estabelecido em lei. 

Recém-formada em História, Milena Sousa conta sua dificuldade em conseguir seu primeiro emprego.“Sempre existe uma vaga bacana no LinkedIn, mas é realmente difícil competir. O mais desanimador é enviar currículo e não receber um: “recebemos o seu currículo, obrigada” ou “fizemos uma análise e você não passou para a próxima fase” e qualquer outra coisa do tipo”, relata.

De acordo com a inclusão do artigo Art. 442 na CLT o empregador não pode exigir, para fins de contratação, mais de 6 meses de experiência do candidato, no entanto não foi a realidade experimentada por Milena.

Nas redes 

Diante da situação, a internet vem sendo um local de desabafo e compartilhamento de ideias de quem tem vivenciado essa realidade. O perfil no Twitter “Entrevistando” reúne mais de 79 mil seguidores e trata de forma cômica através de tirinhas, as vagas mais estranhas e absurdas que são oferecidas a quem está em busca do tão sonhado emprego. Benefícios como piscina de bolinha, pula-pula, até o computador da empresa são anunciados e expostos na página causando revolta nos seguidores.

Piscina de bolinha, pula-pula…quantos anos tem os funcionários da empresa, 8 anos?”, afirma um seguidor. O computador da empresa é benefício?  Salário é benefício? Oi? Daqui a pouco um dos benefícios vai ser: Ter o prazer inenarrável de trabalhar aqui…”, comenta outro.

Piadas sobre falar inglês, espanhol e outro idioma, além de ter carro, conhecimento no pacote Adobe são frequentes. Assim como os candidatos falarem somente sobre o intercâmbio que fizeram. O riso tem sido a saída, segundo Jean Oliveira. “Uma vez eu vi uma vaga, que procurava uma empregada doméstica e tinha que trabalhar no tempo que o contratante queria e ainda oferecia 50 reais, só rindo mesmo. O mercado de trabalho não está fácil, às vezes parece piada”, lamenta.

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