Deportações nos EUA crescem 11% no último ano

Adalie Pritchard

O ICE (sigla em inglês para Imigração e Fiscalização Aduaneira dos Estados Unidos) teve um aumento de 11% em deportações durante o último ano. A maior parte dos casos são de imigrantes do México, Guatemala, Honduras, El Salvador e República Dominicana. Segundo estatísticas do ICE, 90% dos deportados tem condenações criminais. Estas incluem a entrada sem a documentação necessária nos Estados Unidos.

Por razões que vão da economia à segurança, essas pessoas arriscam suas vidas para entrar em um país que não é o seu. Kerian Olivares saiu de Honduras em busca de paz. Ela explicou que os Hondurenhos moram com medo em seu país, porque ele é monopolizado por gangues. “O hondurenho normal não pode morar com tranquilidade”, confessa. Ela relata que, se um valor mensal não for pago às gangues, há grandes chances de que estas sequestrem um de seus familiares. A captura de crianças também é comum – e os criminosos sempre buscam recompensas financeiras, mesmo se o alvo é uma família de baixa renda. “É comum aparecer, semanalmente, na vizinhança um saco preto com um cadáver dentro”, lamenta a hondurenha. Kerian explica que as autoridades do país não ajudam a melhorar a situação, já que eles mesmos estão à serviço das gangues.

O ICE é temido por muitas pessoas por ser o encarregado de conduzir deportações nos Estados Unidos. O guatemalteco Félix López foi preso pela fiscalização ao tentar cruzar a fronteira do México com os EUA. Para ele, o departamento é seu “pior inimigo”. No entanto, a assessoria do instituto esclarece que eles não são apenas responsáveis por deportações, e, sim, pela vigilância de todos os tipos de crimes transnacionais – incluindo a imigração ilegal.

Félix conta detalhes de sua longa jornada até a fronteira: ele percorreu cerca de 3000 quilômetros durante 90 dias. A jornada foi feita a bordo de um trem e um caminhão, até chegar a um abrigo clandestino. Aí, o guatemalteco esperou mais de um mês para cruzar de um país para o outro. Durante esse tempo, tinha direito a apenas uma refeição por dia. López descreve que, quando o coiote (nome dado ao guia dos migrantes) indica o momento de cruzar a fronteira, cada um é “abandonado à sua própria sorte”. O trajeto compreende 500 metros  percorridos dentro de tubos de drenagem ou caminhando pelo deserto. Alguns são pegos antes de conseguir fazer a corrida. Félix foi capturado e colocado num “refrigerador” por mais de 8 horas enquanto seus dados eram coletados. Depois, foi enviado para uma prisão de imigrantes ilegais. 

Uma mãe guatemalteca, Claudia Lopez, viveu uma experiência parecida. Deixou seus filhos na Guatemala para procurar emprego nos Estados Unidos, a fim de lhes dar um futuro melhor. Ela foi detida cruzando a fronteira e passou sete meses na prisão. “Me senti muito triste, dói deixar a família e chegar a um país onde você não conhece ninguém”, conclui, desamparada. Hoje, ela voltou às condições das quais tentou fugir.

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