Dia do Educador Especial

Em entrevista, a professora Cristiane Veloso conta sobre a rotina e desafios da profissão

Sara Rabite

No dia 22 de agosto é comemorado o Dia do Educador Especial, uma data que homenageia os profissionais que fazem com que a educação seja para todos, independentemente dos obstáculos. Nessa semana também é comemorada, dos dias 21 a 28 de agosto, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla em todo o país. Cristiane Veloso cursou magistério, graduou-se em Letras, pós-graduada em Psicologia Aplicada a Educação e acabou de concluir o mestrado em Estudos Literários. Em entrevista à ABJ Notícias, a professora relata um pouco da vivência na escola onde trabalha, na rede municipal de Juiz de Fora, Minas Gerais, e conta os prazeres e os desafios da profissão.

ABJ NOTÍCIAS: O que te levou a ser uma educadora de crianças especiais?

Cristiane Veloso: Aqui em Juiz de Fora, Minas Gerais, o professor trabalha com o aluno especial de acordo com o seu tempo na escola, orientação da equipe escolar ou vontade própria. Em quase todos os anos que trabalhei com aluno especial, fui indicada pela escola e aceitei a missão com muito prazer.

ABJ: Quais são as dificuldades enfrentadas?

Cristiane: São várias, dentre elas, falta de formação específica dos professores envolvidos e de apoio do órgão governamental, falta informação e acompanhamento por uma equipe multidisciplinar. Em alguns casos, a família que se recusa em seguir as orientações da escola.

 ABJ: Dá para lidar com mais de uma criança especial na sala?

Cristiane: Dependendo da deficiência creio que sim, no caso de alunos surdos é possível, já aconteceu comigo (somente com surdez, sem nenhum tipo de hiperatividade).

 ABJ: Como é o dia a dia na sala de aula levando em conta esse quadro? Descreva um pouco da sua rotina. 

Cristiane: Tudo depende muito do tipo e do grau da deficiência. Alguns alunos não conseguem seguir uma rotina típica de sala de aula e é preciso adaptar tudo para o aluno, outros se adaptam bem, conseguem copiar atividades do quadro, seguir tarefas no livro didático, ouvir e contar histórias, produzir textos orais etc. Outros, porém, são extremamente agitados e se recusam a realizar quaisquer tipos de atividades, inclusive as mais lúdicas, alguns se recusam até permanecer no espaço da sala de aula. Atualmente, acompanho dois autistas que participam plenamente de todas as atividades propostas, desde as mais lúdicas até as mais tradicionais, que também são necessárias.

 ABJ: Junto com a professora principal da sala de aula, há algum(a) acompanhante para as crianças menos independentes?

Cristiane: Aqui em nossa cidade há sim, porém esta também não possui formação específica para atuar com alunos especiais. Apenas recebe 20% a mais no salário para que possa, por conta própria, estudar e se especializar.

ABJ: Quais são os cuidados principais que as pessoas que convivem das crianças especiais devem tomar?

Cristiane: Os alunos precisam de muito carinho, cuidado e atenção redobrada. É um olho no peixe e outro no gato, como diz o ditado. Além disso, em alguns casos mais especiais, os professores precisam trocar as fraldas dos alunos, dar merenda na boca, já tivemos casos que até por sonda.

 ABJ: Qual a preparação para ser uma educadora especial? 

Cristiane: Como já mencionei anteriormente, aqui em Juiz de Fora não há formação específica. Apenas para trabalhar com alunos surdos é necessário que o professor tenha conhecimento de libras. No mais, a prefeitura oferece alguns cursos sobre diversidade e inclusão, que, quando acontecem fora do horário de trabalho conseguimos fazer. Eu fiz alguns, mas nem todo profissional tem disponibilidade. Há alguns núcleos regionais, fora da escola, que atendem as crianças especiais com oficinas pedagógicas, alguns possuem psicólogo e fonoaudiólogo. A escola encaminha os alunos, mas nem sempre a família leva até lá (por várias questões), porém não são atendimentos individualizados e ocorrem de uma a duas vezes por semana.

*Foto: https://goo.gl/qwJM6b

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