I Encontro de Surdos e Intérpretes do Unasp Engenheiro Coelho celebra inclusão

Ana Clara Silveira

No último sábado (21) aconteceu o I Encontro de Surdos e Intérpretes do Unasp Engenheiro Coelho, com o tema “Esperança em nossas mãos”. O evento recebeu como palestrante o primeiro pastor adventista surdo da América Latina, Douglas Silva. Além dele, cerca de 100 pessoas estiveram presentes, entre surdos, convidados e comunidade local. A programação foi dividida entre manhã e tarde na capela do Residencial Masculino com principal objetivo de evangelização da comunidade surda.

A coordenadora do Ministério Adventista de Surdos do campus, Jusiara Bispo, esclarece que não é simples atingir ao público desejado. “Atender aos surdos da região é desafiador. Foram feitas divulgações por redes sociais e canais da igreja. Considero excelente o alcance, pois tivemos 160 inscritos”, celebra. Além disso, Jusiara destaca que o impacto para a Igreja Unasp tem sido positivo, pois “muitas pessoas enviaram mensagens de agradecimento pelo encontro”. Ela ainda ressalta que “toda a programação foi feita pelos surdos e os intérpretes auxiliaram apenas na tradução Libras-Português para apreciação dos ouvintes”.

O evento foi elogiado pelos participantes. O intérprete Paulo Alves acompanhou toda a produção e pontua o quando a interação entre surdos e ouvintes faz diferença. “Esse contato faz com que eles [surdos] se sintam importantes e entendam que somos todos filhos de um mesmo Deus, independentemente de qualquer limitação”, reflete. Ele, que é praticante da língua desde os 10 anos, incentiva que ouvintes aprendam Libras para que possam dialogar com os surdos. Ele esclarece que o aprendizado da nova língua pode ser simples. “Procure ter contato com a comunidade surda. Essa é a forma mais natural de se aprender. Mas não deixe de estudar sozinho também”, frisa.

A estudante Lia Arruda é membro do coral de Libras e amante da língua. Ela comenta que toda programação foi “incrível”, e expõe a importância da inversão dos papeis entre ouvintes e surdos. “Na igreja, eles assistem o sermão por meio do intérprete. Hoje, fomos nós. Fiquei impressionada ao ver o único pastor adventista surdo do Brasil e sua mensagem. Penso que a maior marca desse sermão foi a inclusão”, comenta. O surdo Robert Rangel concorda com Lia, e acredita que “as apresentações de músicas, poesias e sermões em Libras são um passo importante para o processo de inclusão no campus. Ele também lembra que, apesar do progresso, as relações entre as duas comunidades sempre podem melhorar.

A igreja pode contribuir com a inclusão dos surdos diariamente, como sugere o pastor Douglas Silva. “O ouvinte pode aprender um pouco de Libras e trocar experiências com os surdos. Eles gostam de ensinar e a oralização ajuda no processo. Todo contato que o ouvinte tiver com o surdo o deixa feliz”, indica. Silva ainda reforça que atitudes simples fazem diferença, como saudar ou ajudar o surdo a encontrar lugar na igreja para sentar-se.

Dessa forma, o encontro teve grande impacto e tornou visível o envolvimento que os surdos podem ter na música, poesia ou qualquer outro ministério. Por fim, Jusiara considera que o evento foi positivo para a percepção pública da atividade dos surdos dentro da igreja.

 

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