Maioria das crianças de quatro anos não estão na escola

Sara Rabite

Pesquisa divulgada pelo IBGE declara que 75% das crianças menores de quatro anos não frequentam ambiente escolar

Dados apresentados pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que a maioria das crianças abaixo de quatro anos estão fora das escolas. A pesquisa “PNAD 2015 – aspectos dos cuidados das crianças de menos de 4 anos de idade” revela que, das 10,3 milhões, 7,7 não estão no ambiente escolar, ou seja, 75% meninos e meninas. Entretanto, o objetivo do governo é conseguir inserir pelo menos 50% dessas crianças na escola.

A pedagoga Jussara Simonetti, com especialidade em Educação Infantil, possui três filhos e matriculou todos aos seis anos de idade em escolas.  Ela alega que essa época da vida é importante para eles brincarem, terem mais contato com a família, construírem o seu caráter e viverem uma rotina mais leve. “Nunca tiveram problema algum de adaptação porque estavam prontos para fazer esse desligamento dos pais. Sempre foram maduros e autoconfiantes. Nunca tiveram dificuldades na escola, muito pelo contrário, sempre se deram muito bem academicamente”, assegura.

Já a monitora escolar, Neuza Barbosa, decidiu matricular suas duas filhas mais cedo. Com três anos de idade, Amanda começou a ir para creche perto de sua casa. Essa escolha foi tomada por sua mãe em virtude da influência de amigos e primos da mesma idade que frequentavam a instituição. Neuza conta que Amanda teve dificuldades de adaptação. “Ela não aceitava ir para a escola e deixar a irmãzinha Vanessa em casa. Chorava muito. Por diversas vezes fui chamada para ir buscá-la. Ficou um pouco melhor quando as duas começaram a estudar juntas”, relata. A mãe confessa que se fosse hoje não teria deixado suas filhas iniciarem a vida escolar tão cedo.

A psicopedagoga Crisney Deodado acredita que os primeiros momentos de uma criança devem ser concretizados em ambiente familiar. Contudo, se não houver viabilidade, as instituições de ensino exercerão um papel ímpar na vida da criança. Elas desfrutarão da disciplina da escola e compreenderão as suas responsabilidades. “Sabemos também que existem crianças que são zeladas por pessoas da família que se preocupam com os cuidados físicos, mas esquecem do cognitivo. Nesse sentido a inserção da criança na escola, proporcionaria um maior desenvolvimento físico, psicológico, emocional e social”, frisa.

Entretanto, nem todos cuidadores buscam postergar a inserção das crianças no ambiente escolar. A professora de Educação Física Zenir Rothstein vivenciou as duas experiências pois colocou uma de suas filhas mais cedo na escola e outra mais tarde. Bianca entrou na escola com aproximadamente seis anos. Não foi antes conforme a mão desejava pois não havia pré-escola de sua preferência na cidade. Já Camila, a filha caçula, entrou com dois anos e meio.

 

A mãe e educadora compara o desenvolvimento das duas filhas e recomenda o que fez com a filha caçula. Zenir declara que Camila criou uma dependência muito maior e suas notas eram superiores às de Bianca. “O maternal é uma fase ótima para se desenvolver, desde que a escola respeite o momento e as fases da criança, sem exigências, trazendo prazer à etapa”, considera.

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