Mudanças climáticas: uma ameaça a existência da vida

IPCC conclui que as temperaturas mundiais estão aumentando gradativamente.

Natália Goes

As mudanças climáticas têm sido o maior desafio desta época, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), desde a produção de alimentos até o aumento do nível dos mares e dos rios, podendo até causar grandes catástrofes.

De acordo com o relatório da organização, mesmo com as medidas rigorosas implantadas por muitos países, o sistema climático está destruído. De fato, o planeta enfrentará eventos climáticos mais extremos do que vemos hoje, o que ressalta a necessidade de investir muito em resiliência.

Dia da conscientização das mudanças climáticas

A data 16 de março foi estabelecida pela lei n° 12. 533/2011 para facilitar debates e mobilizações em torno de alternativas sustentáveis para as diferentes áreas. Em 1998, um tratado internacional foi formulado para que países desenvolvidos pudessem reduzir as emissões de gases do efeito estufa, especialmente o CO2.

Segundo a mestre em meteorologia e educadora ambiental Cátia Braga, a população pobre é a mais atingida pelas mudanças climáticas por ser a mais vulnerável e incluir pessoas de baixa renda, indígenas, quilombolas, mulheres, pretos e pescadores.

Ela acrescenta que muitos estão preocupados com o sustento. Logo, a mudança climática fica para depois, decorrendo a falta de justiça ambiental. De acordo com a estudiosa, o dia 16 de março deve ser uma convocação para analisar formas de recuperar o planeta olhando para os  impactos que ele tem sofrido, além de buscar a justiça ambiental.

Impactos

Os desastres naturais estão cada vez mais frequentes, desde o desgaste e empobrecimento do solo, tempestades e secas intensas, temperaturas extremas ao derretimento das geleiras e aumento do nível do mar, que são reflexos das mudanças climáticas causando danos irreversíveis. “Tudo isso já está acontecendo com mais frequência e afeta diretamente a nossa vida”, explica Cátia.  

A mata Amazônica é a maior floresta tropical do mundo, ela se estende por nove países da América do Sul. Constantemente, a floresta tem sido desmatada e a causa principal para o derrubamento de árvores é a criação de gado. As queimadas muitas vezes são iniciadas pelos fazendeiros e pecuaristas que contribuem para os incêndios florestais.

As perdas e danos para o ecossistema têm sido gigantescas, o volume II do sexto relatório do IPCC mostra que a mortalidade por eventos extremos em decorrência das mudanças climáticas foi 15 vezes maior nas regiões mais vulneráveis na última década. Ainda, o relatório trouxe um alerta para a capacidade limite dos seres humanos e animais de adaptarem-se ao aquecimento de mais de 1,5°C. Neste sentido conclui a meteorologista que “certamente todos nós vamos nos adaptar com resiliência, entretanto, com sofrimento para alguns”.

Riscos

Metade da população mundial já vive sob o risco climático, os impactos são maiores para as comunidades urbanas marginalizadas, cidades que não foram planejadas, como favelas e cidades construídas em morros. Nessas regiões mais vulneráveis, de acordo com  o segundo volume do sexto relatório de avaliação do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, no sumário executivo, publicado dia 28 de fevereiro de 2022, o número de mortes por secas, enchentes e tempestades foi 15 vezes maior na última década do que nas regiões menos vulneráveis.

A mestra em meteorologia declara que as pessoas precisam de educação ambiental para saírem de lugares onde pode haver deslizamentos. E completa dizendo que sair não é uma coisa simples. Ainda no mesmo sentido diz que “os gestores do nosso país se reúnem anualmente para falar de mudanças climáticas, eles sabem de tudo isso. Por isso, precisamos votar em pessoas que tenham um plano de governo. Plano de cuidar dos mais vulneráveis diante das mudanças climáticas, não dá pra fazer depois do acontecido, temos que agir antes. Através de novos projetos de engenharia, um cuidado maior nas construções litorâneas”.

Ela ressalta a importância do planejamento por parte dos governantes e completa dizendo  “a tragédia como a que  tivemos em Petrópolis não pode ser mais permitida. Tem que ter uma gestão que pense em evitar as enchentes, fazer projetos que facilite a infiltração das chuvas, reduzindo os deslizamentos. Há tantos outros problemas para analisar, cito esse, por ser bem recente. E não tem outro jeito, no meu entender, são as pessoas que colocamos no poder que vão nos ajudar. Por isso,  temos que escolher muito bem”.

Diretrizes de São Paulo

Em 2009 no estado de São Paulo foi criada a Política Estadual de Mudanças Climáticas visando a redução dos gases do efeito estufa em 20%. Em 20 de julho de 2021, aderiu às campanhas globais da ONU/UNFCCC Race to Zero e Race to Resilience através do Decreto nº 65.881, e anunciou em cerimônia pública seu compromisso de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE) até 2050.

As Diretrizes do Plano de Ação Climática (Net Zero 2050) de São Paulo estão em consulta pública até o dia 30 de setembro de 2021, que podem ser obtidas na Assessoria de Mudanças Climáticas da SIMA. Diferentes estratégias têm sido implementadas para desencadear as diversas políticas nos seguintes setores: saneamento, energia, transportes, recursos hídricos e agropecuária.

Como colaborar?

Os efeitos das mudanças climáticas e o aquecimento global são visíveis, embora algumas pessoas não consigam perceber. Alguns hábitos podem contribuir para reverter esse cenário e minorar as consequências.

Por fim, Cátia Braga, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, deixou o que podemos fazer para colaborar e reverter as mudanças climáticas:

“São pequenos gestos que se todos fizerem, haverá mudanças. Mas nossa ação é pra já, não dá pra ficar pensando. O mundo está aquecendo”, conclui.

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