Poluição ambiental mata 1,7 milhão de crianças no mundo por ano

Relatórios da OMS analisam mortalidade infantil de menores de 5 anos

José Eduardo Lopes

Dois novos estudos divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a poluição do meio ambiente é responsável pela morte de 1,7 milhão de crianças por ano com menos de cinco anos de idade. Em cada 4 mortes, mais de 1 é devido a ambientes insalubres.

Segundo o primeiro relatório, “Herdando um mundo sustentável: Atlas sobre a saúde das crianças e o meio ambiente”, as doenças que mais matam as crianças nessa faixa etária, que são as infecções respiratórias, diarreia e malária, podem ser prevenidas diminuindo os fatores que causam risco ao meio ambiente. “Um ambiente poluído é mortal, particularmente para crianças pequenas. O desenvolvimento dos seus órgãos, sistema imunológico e vias respiratórias os tornam especialmente vulneráveis ao ar e água sujos”, afirma Margareth Chan, diretora-geral da OMS.

De acordo com dados levantados pela organização, 5,9 milhões de crianças com menos de 5 anos morreram no mundo em 2015. As mortes teriam uma redução de 26% se reduzidos os riscos ambientais, como a poluição do ar, água não confiável e saneamento, higiene ou produtos químicos inadequados. As exposições nocivas podem começar no útero, aumentando o risco de nascimento prematuro. Além disso, o leite materno é essencial para a saúde e o desenvolvimento da criança. A amamentação de outras formas pode resultar em exposição a produtos químicos que não são benéficos.

O segundo estudo, “Não polua o meu futuro! O impacto do meio ambiente na saúde das crianças”, traz uma visão maior do impacto ambiental na saúde das crianças. Todo ano, 570 mil mortes dessas crianças são de infecções respiratórias, como a pneumonia, devido a exposição à poluição do ar tanto dentro como fora de casa e ao fumo passivo. A falta de estrutura para acesso fácil a água potável, saneamento e higiene causam diarreia e matam 361 mil crianças anualmente. A melhoria dessas condições e a redução da poluição do ar evitariam 270 mil mortes de bebês prematuros e até durante o primeiro mês de vida. A malária faz 200 mil vítimas que poderiam ser prevenidas através da redução de locais de reprodução de mosquitos ou o armazenamento de água potável.

O Brasil mostra uma taxa de 16,4 mortes de crianças com menos de cinco anos para cada 1000 nascimentos, taxa consideravelmente baixa comparada aos registros em países da África e outras regiões mais necessitadas do mundo. A população brasileira, de acordo com o relatório, possui bons números relacionados a acesso a esgoto sanitário, água potável e combustível limpo para afazeres de casa.

Segundo o neuropediatra Abram Topczewski, há uma orientação e educação sanitária precária no país. “Muito se fala em números bons de saneamento básico, mas os esgotos a céu aberto e os lixões são fatores importantes que não estão recebendo os devidos cuidados” afirma. A população menos privilegiada e com menos acesso a um tratamento adequado acaba sofrendo as consequências, tendo uma repercussão física e letal para as crianças. O médico ainda aponta que a responsabilidade é do governo, que deve oferecer assistência médica adequada para as situações.

Crédito da foto: https://goo.gl/VgwFUZ

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