Tóquio 2020 foi para os dedicados: 4 histórias de atletas olímpicos brasileiros

In Esportes, Geral

Hellen Piris

A TV ligada 24 horas, a impaciência em saber se foi ouro ou prata, o espírito esportivo como em nenhuma outra época do ano e o orgulho dos compatriotas que representaram o Brasil. Só quem acompanhou de perto as Olimpíadas de Tóquio 2020 sabe. Há quem sentiu a adrenalina junto aos atletas, chorou com a derrota e celebrou a vitória de cada brasileiro do outro lado do mundo. 

Dentre os 309 atletas que representaram o Brasil nas diferentes modalidades nos jogos olímpicos, escolhemos quatro deles para conhecer suas origens e entender seus desafios como esportistas. Confira então as próximas histórias e inspire-se!

1- Rayssa Leal

Você lembra como era a sua rotina aos 6 anos? Para a maioria das crianças a prioridade era brincar com os amigos da rua, ir pra escola e dormir quando a mãe dizia que já tava na hora. É assim que lembramos da nossa infância, mas Rayssa Leal, de 13 anos, com certeza tem outras recordações desses tempos. 

Ela é natural de Imperatriz, Maranhão, e representou o Brasil na modalidade de Skate nas Olimpíadas. Incentivada pelo pai, a sua jornada no esporte começou cedo, com seis anos. 

No início era um hobby, e a menina passava horas na pista de skate perto da sua casa, contudo, a sua agilidade e constância surpreenderam os que acompanhavam seu progresso. Em pouco tempo ela já demonstrava dominar a tábua e rapidamente ficou conhecida na sua cidade por suas habilidades no esporte. Já a fama mundial chegou após Tony Hawk, um dos maiores skatistas do mundo, compartilhar um vídeo dela com sete anos, executando a manobra “heelpflip”, considerada uma das mais difíceis da modalidade. 

Desde então, a Fadinha dividiu seu tempo entre estudos e treinamento. Ela já tinha conquistado diferentes prêmios nacionais e internacionais antes de participar das Olimpíadas, mas foi em terras orientais que toda a sua dedicação, disciplina e paixão pelo esporte foram evidenciadas. Rayssa foi a atleta mais jovem da confederação brasileira a participar do evento, e levou pra casa a medalha de prata na modalidade Street.

2- Isaquias Queiroz

Se tem alguém com uma história de superação, essa pessoa é Isaquias Queiroz. Ele perdeu o pai aos dois anos e a sua mãe precisou sustentar a casa com dez filhos como servente na rodoviária. Aos três teve grande parte do corpo queimado quando uma panela de água fervendo caiu sobre ele. Foi sequestrado aos cinco, perdeu um rim aos dez e sofreu um acidente de carro aos 21. 

Natural de Ubaitaba, Bahia, a sua primeira grande vitória na canoagem foi no Campeonato Mundial Júnior na Alemanha em 2011, onde foi campeão e vice-campeão, com apenas 17 anos. Depois disso, os dias de Isaquias continuaram oscilando entre bons e ruins. Nos próximos anos ele participou de competições internacionais nas quais se destacou na maioria delas. Mesmo assim, o descaso da Confederação Brasileira de Canoagem era tanta que em 2013 publicou um texto no Facebook intitulado “Desabafo de um campeão triste”, no qual reclamava da falta de apoio financeiro e reconhecimento da instituição. 

Quem olha pra sua história pode até duvidar que algo daria certo na sua vida. Mas o mundo dá voltas, e após muitos desafios, tristezas e sacrifícios, o baiano de 27 anos chegou no topo do mundo no que se diz respeito ao esporte. 

Durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, Isaquias se tornou o primeiro atleta brasileiro a ganhar três medalhas em uma única edição. Foram duas de bronze e uma de prata. Para quem passou por tantas adversidades, o ouro demorou um pouco, mas chegou. 

3- Rebeca Andrade

Como brincar de dar piruetas pode levar alguém a ser uma ginasta de elite internacional? Essa é uma pergunta difícil de responder, mas a trajetória de Rebeca Andrade pode ser uma das respostas válidas. 

Nascida e criada em Guarulhos, SP, Rebeca teve seu primeiro contato com a ginástica aos 6 anos no ginásio municipal Bonifácio Cardoso. No início ela apenas brincava entre as barras e colchões, mas não demorou para que Mônica, sua primeira treinadora, notasse que a menina levava jeito para o esporte. Foi tanto o talento demonstrado por ela que recebeu o apelido de “Daianinha de Guarulhos”, fazendo referência a reconhecida ginasta brasileira Daiane dos Santos.

Após dois anos de treinamento, aos oito anos, Rebeca já fazia parte da equipe de alto rendimento. Em certo período ela até passou a morar na casa de uma das treinadoras, já que o local das práticas ficava longe da sua casa, e a rotina puxada do treino exigia seu tempo quase integralmente. 

Sua primeira participação como ginasta profissional foi aos 13 anos, onde tornou-se campeã do Troféu Brasil de Ginástica Artística. Após a vitória, participou de mais campeonatos dentro e fora do país, se destacando sempre nas apresentações. A paulista passou por três cirurgias de joelho, isso quase a fez desistir, mas a sua paixão e dedicação ao esporte sempre a fizeram voltar à pista. Durante os jogos Olímpicos de Tóquio, além de levar a cultura brasileira através do hit “Baile de favela” utilizado em sua apresentação do solo, ela recebeu duas medalhas. Uma de prata na disputa do Individual com Salto e outra de ouro, na disputa de Salto, tornando-se a primeira mulher ginasta campeã do Brasil e a primeira atleta brasileira com duas medalhas em uma mesma Olimpíada.

4- Darlan Romani

Em 2021 o Brasil descobriu que os terrenos baldios, além de criadouro de mosquitos, podem ser utilizados para treinar um atleta olímpico. A frase “Quem quer faz, quem não quer arruma desculpa” poderia ser o refrão de vida de Darlan Romani. Sua história de superação e dedicação cativou o Brasil e o mundo, e mesmo sem ter ganhado uma medalha durante as Olimpíadas, foi um dos atletas mais queridos nas redes sociais. 

Darlan nasceu em Concórdia, Santa Catarina, e conheceu o arremesso de peso aos 13 anos em um evento promovido pela prefeitura da cidade. Após participar de campeonatos regionais, estaduais e um brasileiro, venceu os Jogos da Juventude Italiano, no Campeonato Mundial na Itália. Graças aos treinamentos extremamente rigorosos, a cada ano ele ia quebrando seus próprios recordes. Em 2018 se tornou o primeiro sul-americano em a chegar na marca de 22 m e no final do mesmo ano, recebeu o prêmio de Melhor Atleta do Atletismo do Prêmio Brasil Olímpico.  

Durante a sua preparação para Tóquio 2020 a pandemia chegou ao Brasil, e com o centro de treinamento fechado e sem seu treinador perto, Darlan precisou improvisar seu local de prática do esporte. O espaço disponível que encontrou foi um terreno baldio do lado da sua casa, e com ajuda de um amigo pedreiro, construiu uma plataforma de concreto, lugar onde passou meses se preparando diariamente para os jogos. Já no Japão, ficou como quarto colocado mundial na sua modalidade, a 59 cm da medalha de bronze. Darlan expressou sua tristeza por não ter conquistado o pódio, mas já faz planos para Paris 2024 e assegurou: “Se eu dava 200%, agora vou dar 300%”. 

A história destes quatro atletas nos inspiram, enchem de orgulho e lembram que quando há dedicação e persistência, os resultados chegam. A determinação de cada um deles é um exemplo de superação e nos desafia a lutar pelos nossos próprios sonhos e objetivos.

Gostou de conhecer estas histórias? Então, envie este texto aos seus amigos para que eles também sejam motivados hoje!

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