Trabalho das doulas visa humanizar os partos

As profissionais encaram a profissão como uma missão de vida

Victória Coelho e Sara Rabite

O mês de março é repleto de homenagens e cortesias às mulheres.  Em condecoração a este período, o Governo Federal declarou medidas para humanizar o parto normal. O projeto visa abster as medidas tomadas para acelerar o nascimento, fazendo do parto um momento de extrema importância para a família, e principalmente para o bebê e a mãe. A ideia central é evitar, quando possível, cesariana, uso do fórceps, episiotomia (corte no períneo), uso do hormônio ocitocina para acelerar a saída do bebê, rompimento proposital da bolsa, corte precoce do cordão umbilical, entre outros.

A enfermeira obstetra e mestranda em saúde materna infantil Kelen Pompeu foi protagonista de um parto normal. Ela acredita que as novas medidas para humanizar o parto são muito importantes. Segundo a enfermeira, tais parâmetros vêm sendo incentivados desde governos anteriores. “As medidas são de suma importância e contam com o apoio de cientistas. Há evidências que comprovam que é urgente que paremos de intervir no processo fisiológico, pois muitas vezes, as iatrogenias (males causados por intervenção e procedimentos) são irreparáveis”, apresenta.

Além de protagonizar o próprio parto, Kelen vive a experiência diária da obstetrícia. Contudo, nem sempre essa área foi a que mais atraiu seu interesse na enfermagem. Mas, ao precisar atuar na área, a enfermeira descobriu que a assistência poderia ir além do que é tradicionalmente oferecido nos hospitais em que havia trabalhado. Foi assim que surgiu o interesse em fazer um curso de doulas, curso esse responsável por desencadear a paixão pela profissão.

A vontade de servir e proporcionar um momento especial na vida das mães e bebês faz parte da realidade de Kelen e de tantas outras profissionais. A fisioterapeuta Jedna Amanda é doula há 4 anos. Ela define a profissão como um chamado, uma vocação, que só aceita quem tem muito amor e vontade de entrega.  De acordo com Jedna, o trabalho das doulas é “de mulher para a mulher”. “Temos a arte do cuidado, estamos ali para prestar apoio físico e emocional a essas gestantes, seja com técnicas não farmacológicas para alívio de dor ou com palavras de incentivo e coragem, tentamos transmitir todo o amor que temos para aquela nova família, e nos doamos inteiramente à mulher durante esse período”, explica.

A assistência oferecida pelas doulas não é somente física, mas também oferece conforto, tranquilidade e suporte emocional. A Organização Mundial da Saúde (OMS), afirma que as doulas têm seu reconhecimento e recomendação: “O apoio físico e empático contínuo oferecido por uma única pessoa durante o trabalho de parto traz muitos benefícios, incluindo um trabalho de parto mais curto, um volume significativamente menor de medicações e analgesia epidural, menos escores de Apgar abaixo de 7 e menos partos operatórios.”

Nos primeiros anos da faculdade, o universo mágico do nascimento encantou a fisioterapeuta Jedna, que hoje enxerga a função de doula como uma missão. “A cada parto que tenho o privilégio de acompanhar ganho um enriquecimento novo, saio renovada e com a certeza de que isso na minha vida é uma missão e uma porta aberta para dar amor”, ressalta.

Já a enfermeira obstetra Kelen, aponta que o universo do nascimento é complexo e recheado de desafios. Entretanto, a recompensa por viver a experiência do nascimento é de fato indescritível. “Fazer parte respeitosamente de nascimentos é acreditar realmente em um mundo melhor. Uma vida que começa de forma amorosa, com dignidade, tende a transcorrer de forma harmoniosa, conforme pesquisas”, reflete.

 

 

Crédito da foto: https://goo.gl/yptg77

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