Varíola dos macacos: OMS avalia o risco em nível global como moderado

O Brasil tem um caso confirmado, enquanto investiga outros.

Rayne Sá

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou, neste domingo (5), 780 casos de varíola dos macacos pelo mundo fora da África, em 27 países. No Brasil, um caso está confirmado, enquanto outros ainda são suspeitos. Segundo afirma a OMS, os países devem tomar medidas rápidas para controlar a propagação do vírus monkeypox, como o isolamento de casos e detecção precoce. 

Os casos foram registrados no Reino Unido (207), seguido de Espanha (156), Portugal (138), Canadá (58), e Alemanha (57). Sendo que fora da Europa, há confirmação de infecções nos Estados Unidos, Argentina, Austrália, Marrocos e Emirados Árabes.

Em comunicado feito pela OMS nos registros epidemiológicos semanais, a maioria dos casos confirmados com histórico de viagens relatou viagens para países da Europa e América do Norte, em vez da África Ocidental ou Central, onde o vírus da varíola dos macacos é endêmico. “O aparecimento súbito e inesperado da varíola dos macacos simultaneamente em vários países não endêmicos sugere que pode ter havido transmissão não detectada por um período de tempo desconhecido, seguido por eventos amplificadores recentes”, afirma a organização. 

O vírus, sintomas e prevenção

O fisioterapeuta Renato Cunha (UNESA), explica que o vírus da varíola dos macacos é uma zoonose. “É uma doença de animais silvestres que consegue contaminar humanos, ela é bem antiga e é causada pelo vírus orthopoxvírus, que possui uma taxa de letalidade.” Cunha esclarece ainda que a morte, normalmente, não está associada à evolução da doença, mas sim as infecções e as doenças oportunistas. “Então você imagina um indivíduo que vai pra terapia intensiva, com um monte de lesão bolhosa, soltando material purulento, aquilo ali é uma porta de entrada para diversas outras infecções. Então, são as infecções oportunistas que podem levar o indivíduo ao óbito”, conclui. 

Os sintomas mais comuns da monkeypox, na totalidade dos casos, são as erupções no corpo. As lesões bolhosas, como descreve o fisioterapeuta são preenchidas de líquido, “aquilo ali fica cheio de material purulento, rompe e forma uma crosta, esse é o principal sintoma”, explica Renata. Além disso é normal sintomas de febre, dor de cabeça, coceira, linfonodos inchados ou infartados, sudorese, calafrio, dor de garganta, fadiga, cansaço generalizado, úlcera na boca, tosse, conjuntivite, sensibilidade a luz, vômitos e enjoos. 

De acordo com Cunha, o diagnóstico, inicialmente é clínico, pelos sinais e sintomas, as erupções cutâneas são bem características, e é confirmado por um exame PCR, que é detectado quando há extração do material da pele. O tratamento é sintomático, ou seja, são utilizados medicamentos que aliviam sintomas alérgicos, “e existem antivirais que podem ser utilizados, como o Tecovirimat e Cidofovir”, afirma. 

Transmissão 

A transmissão de humano para humano pode ocorrer através da proximidade ou contato físico direto, por vias respiratórias ou quando há o contato direto com as lesões da varíola no corpo. Como elucida a OMS, embora não haja casos atuais, profissionais de saúde também possuem o risco de se contaminarem caso não estejam usando medidas adequadas de prevenção e controle de infecções (IPC), “ou usando equipamentos de proteção individual (EPI) apropriados quando necessário, para evitar a transmissão”, afirma a entidade. 

Para a infectologista Giovanna Orrico (UFBA), o risco maior de infecção é ao ter contato com pessoas doentes, mas crianças e imunossupressores têm mais risco de complicação da doença, “pelo sistema imunológico ser no primeiro grupo imaturo e no segundo grupo com déficit de resposta”, explica. No que se refere a prevenção de vírus, são indicados os cuidados com higiene pessoal, álcool em gel nas mãos, evitar aglomerações e contato com pessoas infectadas. 

Vacina

A vacinação contra a varíola, segundo a OMS, demonstrou ser uma proteção cruzada contra o vírus. “No entanto, a imunidade da vacinação contra a varíola será limitada a pessoas com idade inferior a 40 e 50”, isto porque os programas de vacinação contra a varíola terminaram após a erradicação da doença; e as vacinas originais não estão mais disponíveis para o público em geral. “Vacinas contra varíola, quando disponíveis, estão sendo implantadas em um número limitado de países para gerenciar contatos próximos”, reitera em comunicado. 

No Brasil

Segundo comunicado emitido pelo Ministério da Saúde, o Brasil possui um caso confirmado no estado de São Paulo. Além disso, sete casos de suspeitas da doença. Os casos suspeitos estão em São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Em Rondônia dois casos estão sendo investigados pela Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa). 

Sair da versão mobile