HIV e Aids não são a mesma coisa

In Geral, Saúde

Apesar de frequentemente confundidos, HIV e Aids têm distinções importantes que afetam diretamente o diagnóstico, prevenção e tratamento.

Isabella Maciel

A confusão entre HIV e Aids é comum, mas entender as diferenças entre o vírus e a síndrome que ele pode causar é essencial para o manejo eficaz da saúde pública. O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é um agente infeccioso que ataca o sistema imunológico, enquanto a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é o estágio avançado dessa infecção, quando o corpo já não consegue mais se defender de doenças oportunistas. Ambos exigem uma abordagem diferente no que se refere à prevenção, diagnóstico e tratamento.

No início do mês de outubro, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) abriu uma investigação sobre a contaminação de pacientes com o vírus HIV após receberem transplantes de órgãos. O caso, raro e inédito no Brasil, levantou questionamentos importantes sobre as diferenças entre o HIV e a Aids. Embora esses termos sejam frequentemente confundidos, é importante entender que se referem a estágios distintos de uma condição de saúde.

No caso investigado, exames de sangue dos doadores de órgãos resultaram em falsos negativos para o HIV, o que permitiu a transmissão do vírus. 

O que é HIV?

O HIV é um vírus que ataca o sistema imunológico, especificamente as células T-CD4+, fundamentais para a defesa do corpo contra infecções. A Dra. Rosane Coutinho explica que “o HIV torna a pessoa mais vulnerável a outras infecções e doenças.” Quando o HIV entra no organismo, ele se multiplica e destrói essas células, enfraquecendo progressivamente a capacidade do corpo de se proteger contra outros vírus.

Porém, nem todas as pessoas que contraem o HIV desenvolvem a Aids. Com o avanço dos tratamentos antirretrovirais, muitas pessoas vivem com o vírus por anos sem manifestar sintomas significativos, desde que sigam o tratamento corretamente. 

O que é Aids?

A Aids é o estágio avançado da infecção pelo HIV. Ela ocorre quando o sistema imunológico está gravemente enfraquecido pela destruição de grande parte das células T-CD4+. Nesse estágio, o corpo fica vulnerável a infecções e doenças oportunistas que normalmente seriam combatidas com facilidade. Rosane esclarece que “são consideradas doenças oportunistas, por exemplo, diarréias prolongadas, perda de peso acentuada e infecções por Toxoplasma gondii ou tuberculose.”

Sem o tratamento adequado, a Aids pode levar a complicações graves e até à morte, o que ocorre principalmente quando o vírus não é tratado de maneira eficaz ou quando há falha no diagnóstico precoce.

Prevenção

A prevenção contra o HIV é uma das principais armas no combate à disseminação do vírus. O uso regular de preservativos masculinos ou femininos em todas as relações sexuais é o método mais simples e eficaz. Além disso, outras medidas preventivas incluem a PrEP (profilaxia pré-exposição) e a PEP (profilaxia pós-exposição). 

“É importante lembrar que o corpo humano não consegue eliminar o vírus do HIV e, até o momento, não há cura para a doença. Assim, medidas preventivas são essenciais para evitar a contaminação”, alerta a doutora Rosane. 

Outras práticas incluem não compartilhar seringas, esterilizar materiais perfurantes, como agulhas e alicates, e manter um cronograma regular de testagem para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Diagnóstico

O diagnóstico do HIV é realizado por meio de exames de sangue ou saliva, que detectam a presença de anticorpos contra o vírus. Esses testes estão disponíveis gratuitamente nas unidades do SUS e são fundamentais para garantir o diagnóstico precoce, possibilitando o início imediato do tratamento. 

Dra. Rosane destaca que “o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente os testes rápidos, que ficam prontos em até 30 minutos, e testes laboratoriais, disponíveis nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).”

Tratamento

Embora ainda não exista cura para o HIV, os medicamentos antirretrovirais desenvolvidos desde os anos 1990 têm transformado a infecção em uma condição crônica controlável. Esses remédios inibem a replicação do vírus dentro do organismo, prevenindo o desenvolvimento da Aids e permitindo que pessoas com HIV vivam de forma saudável e com qualidade de vida.

Os antirretrovirais ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico, sendo fundamental o uso regular para garantir qualidade de vida e reduzir o número de internações. Rosane explica que desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente esses medicamentos a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento.

O diagnóstico precoce e o tratamento contínuo são cruciais para impedir que a infecção avance para o estágio da Aids.

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