Microempreendedorismo cresce durante pandemia

Com economia em crise, trabalhadores se reinventam em busca de renda

Rayne Sá

Mesmo após um ano de pandemia, os impactos econômicos e sociais da Covid-19 ainda são visíveis em todos os setores do país. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil registrou uma taxa de 14,6% de desempregados no ano de 2020. Com as portas se fechando e oportunidades de trabalho tornando-se ainda mais escassas, os brasileiros tiveram de investir no microempreendedorismo para driblar as mudanças causadas pela pandemia.

Hoje compõe o número de microempreendedores (MEIs) do país quem decidiu apostar em algo novo. Um setor que já formalizou cerca de 2,6 milhões de pequenos negócios durante 2020 e que, segundo o Sebrae, se divide entre o desejo e a necessidade. Para o economista Diogo Araújo, formado pela Universidade Cândido Mendes, esses novos empreendimentos são extremamente positivos, “porque criam empregos e colocam dinheiro na economia”, além de trazerem inovações em mercados que estavam parados há muito tempo. 

Aos 30 anos de idade, Litieli Cruz da Silva é uma dessas pessoas que começaram a empreender durante a pandemia. Devido à uma demissão em outubro de 2020, ela viu a necessidade de driblar a crise. “A demissão veio, foi um choque, chorei por alguns dias, mas logo minha cabeça já começou a assimilar que eu não poderia ficar parada”, conta.

Motivada pelo amor ao esporte e atividade física, criou a Exercité, uma página de roupas para a prática de esportes, na qual notava falta sempre que precisava. A pandemia não tirou só o meu emprego, ela me deu uma oportunidade de abrir um negócio próprio. Hoje eu tenho um emprego no qual eu faço meus horários, ganho uma renda legal, e me sinto muito orgulhosa de tudo que venho conquistando.” finaliza. 

O desejo de empreender 

Cláudia Laguna, de 35 anos, é formada em Relações Públicas e trabalha como Social Media, desde março de 2020, quando as primeiras medidas de restrições foram estabelecidas no Brasil. “Com a troca de bandeira vermelha e bandeira preta, a gente conseguia trabalhar de casa”, relata.  

Durante o trabalho remoto, Cláudia conta dos momentos de tédio e das alternativas que buscava para expandir a mente. Em uma das reuniões online com empresas que atendia, a profissional de RP conheceu uma cliente que oferecia cursos de crochê com fio de malha e viu ali, o incentivo para começar. Assim nasceu a marca Fio de Aurora. “Estou bem contente em estar enfrentando a pandemia de forma mais leve e tranquila. Além de conseguir ficar em casa, segura, perto do meu filho e dos meus pais.” declara a profissional que já empreende há seis meses, como forma de ter uma renda extra.

Araújo enxerga que a pandemia entregou novas oportunidades e maneiras de fazer o que sempre foi feito. “Essa movimentação é muito mais por necessidade do que por vocação, os brasileiros estão lutando pela sobrevivência”, complementa o economista. 

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