22% das crianças e adolescentes do mundo sofrem transtornos alimentares

In Geral, Saúde

Os transtornos alimentares têm impacto direto na saúde, nutrição e autoimagem.

Lucas Pazzaglini

Um novo estudo, publicado pela revista JAMA Pediatrics, aponta que cerca de 22% das crianças e adolescentes do mundo apresentam algum tipo de transtorno alimentar. Esse fenômeno atinge mais as meninas e adolescentes mais velhos. A pesquisa analisou 32 estudos de 16 países, e tem como objetivo detectar, prevenir e lidar com o problema. 

A estimativa é de que uma em cada cinco crianças são atingidas pela alimentação desordenada. A nutricionista infantil, Ana Carolina Constant, explica que “os transtornos alimentares são condições psicológicas que desencadeiam hábitos alimentares inadequados”. Ela destaca a anorexia e bulimia como os mais conhecidos, mas afirma que existem outras dificuldades alimentares, que não estão exatamente classificadas como transtorno alimentar, porém, impactam igualmente a saúde e nutrição. 

O problema geral

Os distúrbios alimentares podem gerar danos severos para crianças e adolescentes. O Instituto de Psiquiatria Paulista apresenta os problemas cardiovasculares, anemia e alterações metabólicas, constipação e alterações endócrinas, como algumas das principais consequências. 

Ana Carolina aponta a desnutrição como maior perigo para a faixa etária porque “ela também vai impactar no crescimento e desenvolvimento cognitivo adequado dessas crianças”. Além disso, a nutricionista enfatiza que meninas que sofrem com a anorexia podem ter complicações como a amenorreia, ou seja, a ausência de menstruação já na puberdade.

Anorexia e bulimia

A anorexia e a bulimia ainda são os transtornos que mais atingem a população mundial, sendo responsáveis pelas maiores taxas de mortalidade entre os transtornos mentais, segundo o portal do Ministério da Saúde. Cerca de 10% dos adolescentes brasileiros são afetados pelos distúrbios, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. 

Os dois problemas estão associados a distorção de imagem. “Na anorexia a pessoa se priva de se alimentar com o objetivo de não ganhar peso. Já na bulimia a pessoa come compulsivamente e logo após tem um sentimento de culpa que a faz buscar métodos compensatórios, como vômitos provocados, diarreias provocadas por laxantes ou ainda exercícios físicos em excesso”, explica Ana.

Como diagnosticar transtornos alimentares

Existem comportamentos em comum em crianças e adolescentes que sofrem de transtornos alimentares. É preciso observar a relação deles com a alimentação, corpos e autoimagem. A preocupação com dietas restritivas e magreza excessiva podem ser pontos de alerta. 

Com relação a bulimia “em muitos casos, a criança estará dentro do peso adequado para sua idade, sendo o comportamento de compulsão alimentar e compensação imediata o fator principal para o diagnóstico”, explica a nutricionista. 

Seletividade alimentar

Outra dificuldade alimentar, que pode atingir principalmente as crianças a partir dos 2 anos de idade, é a seletividade alimentar. O problema, muitas vezes encarado como algo natural pelos pais, consiste na recusa de experimentar novos alimentos baseados em sua cor e textura.  A nutricionista enfatiza que o perigo da seletividade está na recusa de alimentos essenciais para o desenvolvimento saudável da criança.

O diagnóstico da seletividade é feito através de análise clínica e relato dos pais, como explica Ana. Ela ainda acrescenta que a melhor forma de tratamento é através da Terapia Alimentar e Nutricional, na qual a criança é exposta aos alimentos através de jogos e brincadeiras, para perder o medo de experimentar alimentos novos. 

Como lidar com os transtornos alimentares

Para a maioria dos transtornos alimentares será necessário o acompanhamento psicológico, como no caso da anorexia e bulimia, por estarem associadas a distúrbios de imagem. É necessário também “acompanhamento nutricional para ajudar a repor os nutrientes perdidos e a reestruturar toda a rotina alimentar”, afirma Ana. 

Na seletividade alimentar os pais têm papel fundamental na melhora do quadro, incentivando a criança a voltar a experimentar alimentos. Ana instrui a “sempre oferecer, mas nunca forçar, não usar palavras de ordem e não fazer barganha.” A nutricionista ainda explica que frases como “vou ficar triste se você não comer” não devem ser usadas porque, além de serem ineficazes, criam sentimentos de tristeza e culpa na criança.

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