Artistas plásticos encontram espaço em meio às redes sociais

In Cultura, Geral

O investimento em divulgação através das mídias sociais têm trazido retorno à artistas.

Lucas Pazzaglini

A comercialização de obras de arte é uma atividade antiga. Leilões são realizados desde os anos 1600 com o objetivo de promover artes plásticas. Mas esse contexto, por muitos encarado como elitizado, não dá abertura para todos os artistas que querem expor seu trabalho e, por conta disso, a internet e as redes sociais se tornaram a principal forma de exposição e comércio para muitos artesãos.

Uma pesquisa rápida pela hashtag “arte” no Instagram, apresenta mais de 109,853,346 publicações do tema, variando entre diferentes tipos de expressões artísticas. Quando a mesma pesquisa é feita mas agora com a palavra chave sendo “pintura”, esse número cai para 13,432,492, mas, ainda assim, representa uma grande quantidade de conteúdo produzido para um nicho específico. 

Evelyn Lemos, estudante de Nutrição e artista, trabalha com a criação de telas e pinturas e por isso criou o perfil “Nossa Cor Ateliê”, no qual ela pode divulgar sua arte de forma mais profissional. “As minhas vendas sempre foram de forma on-line, a diferença antes de criar o perfil era que eu fazia tudo no meu perfil pessoal, então acabava misturando a minha vida com o meu trabalho. As pessoas buscavam informações, mas não sabiam se estavam no lugar certo, senti essa necessidade de separar e começar a ser mais objetiva e direta nas minhas vendas”, conta a artista. 

A relação entre artistas e a rede social

Hoje o Instagram soma mais de 1 bilhão de usuários ativos, sendo 122 milhões apenas do Brasil, de acordo com uma pesquisa feita pela We Are Social em parceria com a Hootsuite. Sendo assim, vale a pena o investimento em uma plataforma social para a divulgação artística.

Jade Schlickmann, artista de lettering e mural art, acredita que atualmente é muito difícil divulgar o trabalho sem uma rede social. “São poucas pessoas que vão a galerias, mostras de arte, ou qualquer outro espaço de exposição físico. Então para a mostra da arte, a rede social faz toda diferença”, explica. 

Evelyn diz acreditar que seja possível um artista ser conhecido sem o uso de uma rede social, mas pode ser um caminho bem difícil. “Antigamente não existia ninguém expondo sua arte de uma forma tão invasiva na vida das pessoas, entender essa dimensão é crucial para um artista que deseja crescer”, afirma a artista.

Pensar como profissional

Desde a inauguração do perfil, Evelyn teve um crescimento de 40% em vendas, com relação ao mesmo período do ano passado. Ela entende isso como consequência do seu preparo para a criação do ateliê. “Estudei estratégias de marketing, pensei em todo design, qual seria o objetivo e o lema da marca, pensei principalmente em qual nome pôr e qual seria o significado. Pensar de uma forma mais profissional e tendo uma visão de marketing acredito que me ajudaram a ter mais resultados”, argumenta. 

Jade concorda com a afirmação e acrescenta: “usando o perfil de forma mais estratégica, nos últimos 6 meses, eu reparei que consegui um retorno muito maior. Depois que eu entendi o sentido de ter um perfil no Instagram e como usá-lo, comecei a ter mais clientes e visibilidade.”

Não é para todos os perfis

Infelizmente a adaptação de um negócio para as redes, principalmente quando se trata do meio artístico, pode ser um processo difícil e alguns podem não se adaptar a ele. Para Evelyn o maior problema é ter o trabalho nas mãos 24h horas por dia, o que permite, com muito mais facilidade, que você se torne escravo da profissão, sem nunca ter um tempo de descanso.

Emilly Kaizer é um dos exemplos de quem não conseguiu se adaptar ao meio. A estudante de Arquitetura criou o perfil “ilustralily” após incentivos de familiares e amigos, e teve um bom começo postando artes e fazendo encomendas. Mas, ao perceber que o nível de dedicação exigido para fazer o perfil funcionar era muito alto, ela decidiu que não valia muito a pena. “É muito cansativo você ter que pensar em alimentar uma plataforma que, às vezes, não vai te dar retorno. Já recebi pedidos de encomendas e quando eu falava sobre o orçamento os clientes sumiam, então preferi focar em outras coisas”, conta Emilly. 

O artista, por muitas vezes, não tem a condição necessária para contratar um social media, profissional responsável pelo gerenciamento de redes sociais, o que o obriga a acumular diversas funções. Jade ressalta que “você precisa estudar muito, consumir muito, e isso gasta boa parte de tempo do trabalho propriamente dito”.

Novas oportunidades

Apesar disso, a internet e o modelo de vida home office”, permitiu que muitos se engajassem em suas carreiras artísticas, como é o caso da Evelyn. “Comecei a trabalhar com algo que amo graças a internet. Não tinha o objetivo de começar, mas vi uma oportunidade e hoje eu trabalho com isso sem sair da minha casa, dou conta de conciliar uma faculdade e posso atender meus clientes de onde estiver”, conta. 

As mídias sociais tornam mais fácil a divulgação de um produto, mas o artista não pode depender apenas da rede para isso. Jade explica que a principal forma de venda é a conexão pessoal.  “A rede social oferece um auxílio para a criação de um portfólio, para o cliente conhecer melhor o trabalho, acompanhar por um tempo e se identificar. Mas a conexão pessoal é uma parte muito importante”, encerra a artista.

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