Biden exige o estudo da criação do dólar digital

In Economia, Geral

Governo americano avalia criação de moeda digital.

Natália Góes

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos da América(EUA), assinou no dia 09 de março uma ordem executiva para órgãos do governo pesquisarem os riscos e benefícios da criação do dólar digital e o papel que as criptomoedas irão desempenhar. Foi exigido que o Departamento do Tesouro, o Departamento de Comércio e outras agências do governo americano estudem a possibilidade da criação da moeda digital.

A divulgação da possível criação do dólar digital agitou a movimentação e a valorização das criptomoedas. O Bitcoin valorizou cerca de 10% enquanto o Ethereum valorizou cerca de 7%.  

Os EUA têm planejado estrategicamente seu dólar digital ou moeda digital desde o ano passado, mas ainda não há certeza de que a moeda americana sairá do papel e ganhará o mundo digital. Uma das principais medidas da ordem de Biden orienta o governo a avaliar a infraestrutura tecnológica necessária para uma possível emissão de moeda digital. O dólar digital seria emitido pelo Federal Reserve( Fed, o Banco Central Americano), como as notas e moedas que já estão em uso agora, porém, em um formato digital. 

O dinheiro iria para contas do Fed Reserve e não para um banco, ao contrário do dinheiro depositado em uma conta bancária, ou gasto por meio de aplicativos. Assim, o dólar digital valeria o mesmo que a cédula de papel emitida atualmente pelo governo, diferentemente das criptomoedas, cujas cotações são altamente inconstantes.

Janet L. Yellen, secretária do Departamento de Tesouro dos EUA, disse em comunicado que “o Departamento de Tesouro trabalhará para promover um sistema financeiro mais justo, inclusivo e eficiente, ao mesmo tempo em que continuará a combater o financiamento ilícito e buscar formas de evitar riscos à estabilidade financeira e à segurança nacional do país”.

Riscos e benefícios

Igor Mundstock, economista, fala sobre alguns riscos e benefícios da implementação do dólar digital. Segundo ele, o maior risco seria o desconhecimento de qual tecnologia os EUA irá utilizar, trazendo risco para o sistema financeiro e para o valor da moeda no mercado. Ele ainda fala que o mais próximo da proposta do governo seriam as criptomoedas, mas elas possuem características diferentes dada a sua descentralização em relação a  uma moeda impressa que é controlada e administrada pelo banco central do país.

Para Mundstock, o maior benefício seria a não existência da moeda física, a facilidade das transações comerciais, além de uma menor quantidade de pessoas com capital escondido em casa, fora do sistema, e que muitas vezes proveniente de meios ilícitos como crimes, tráfico de drogas e etc, facilitando assim o trabalho da polícia ao investigar. Porém, “a moeda papel ainda irá precisar existir por um bom tempo, pois nem todas as pessoas se adaptarão às tecnologias”, argumenta o economista. 

Mundstock comenta que a preocupação estadunidense pela corrida da emissão de uma moeda digital se dá por medo de perder a soberania do dólar, pois é a moeda mais usada em transferências nas relações comerciais do mundo (cerca de 75%). Igor explica: “Eles não querem perder o status de moeda com reserva de valor internacional, mas existe uma corrida entre países para implementar uma moeda digital”. 

Estados Unidos podem se garantir?

Assim como os EUA, nove países lançaram sua própria moeda digital pelos bancos centrais e 16 outros países, como a China e o Brasil, começaram a desenvolver ativos digitais, segundo o Atlantic Council. 

Joe Biden justifica: “Devemos tomar medidas firmes para reduzir o risco de que os ativos digitais representam a proteção dos consumidores, investidores e empresas”. Ele ainda alerta que a Casa Branca irá monitorar o impacto das criptomoedas na estabilidade financeira, na segurança nacional e nas mudanças climáticas.

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