Brasil e Argentina: possível separação?

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O que diz o presidente Milei sobre as conexões entre Brasil e Mercosul 

Maria Fernanda Chire 

O economista Javier Milei, do movimento A Liberdade Avança, conquistou uma vitória histórica nas eleições presidenciais argentinas, derrotando o peronista Sergio Massa. Sua vitória foi notável por superar a tradicional corrente peronista e por trazer ao poder um candidato com propostas consideradas radicais. 

No Brasil, Milei se destacou por defender a dolarização da economia argentina e o fechamento do Banco Central do país, além de criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Mercosul e a China. Apesar de suas declarações, Milei enfrentará o desafio de liderar uma Argentina com uma economia fortemente interligada à brasileira.

Brasil e Argentina  

As afirmações de Milei sobre as possíveis relações entre Brasil e Argentina em caso de vitória nas eleições estão sendo encaradas com ceticismo e preocupação por analistas consultados pela BBC News Brasil.

Em uma entrevista a Tucker Carlson em setembro, Milei declarou que Lula não seria considerado um “defensor da liberdade” em seu entendimento, enfatizando sua posição a favor da liberdade, paz e democracia.

O candidato afirmou que aqueles que não compartilham desses princípios, incluindo comunistas como Lula, não seriam parte de suas parcerias, expressando a intenção de ser um farol moral baseado na liberdade, democracia e paz no continente.

Impacto econômico 

Javier Milei, presidente eleito da Argentina pelo partido La Libertad Avanza, durante sua campanha, levantou a possibilidade de cortar relações com o governo brasileiro e até abandonar o Mercosul, gerando incertezas sobre o futuro dos laços comerciais entre Brasil e Argentina. Economistas consultados pela CNN indicam que essa afirmação provavelmente se restringe ao discurso político.

Em 2022, a Argentina foi o terceiro maior importador de produtos brasileiros, totalizando cerca de US$13,09 bilhões. Além disso, foi o terceiro principal exportador de bens para o Brasil, somando US$15,34 bilhões. Nos dados parciais de 2023, até outubro, a Argentina permanece como terceiro maior exportador, com US$14,90 bilhões, mas cai uma posição nas importações, atingindo US$10,15 bilhões.

Apesar das indicações de Milei sobre um possível distanciamento, Guillermo Francos, principal interlocutor de Brasília na campanha do novo presidente argentino, assegura que uma eventual vitória de Milei não afetará a relação entre os países. O ex-diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, aponta que não vê uma aproximação entre Milei e Lula, mas destaca que o sucesso dos planos econômicos do novo mandatário seria benéfico ao Brasil, proporcionando um vizinho financeiramente mais estável.

Mercosul

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem expressado nos últimos meses sua preocupação com o presidente eleito, Milei, e suas críticas públicas severas ao Mercosul. Apesar desses ataques, Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia no Ibmec SP, esclarece que, de acordo com o tratado do Mercosul, Milei necessitaria de maioria absoluta no Congresso argentino para efetivamente sair do bloco.

“Milei não terá a capacidade de romper unilateralmente com o tratado”, explica Pires. “Contudo, sua presidência representa mais uma voz contrária à estrutura atual do Mercosul.”

No final de setembro, Haddad mencionou que o acordo com a União Europeia poderia tornar o Mercosul mais atrativo e servir como um “antídoto” ao bloco, caso Milei seja eleito. Na próxima semana, negociadores do Mercosul e da União Europeia têm agendada uma reunião em Brasília para avançar nas discussões sobre um acordo de livre comércio entre os países.

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