Epilepsia: mitos sobre o tratamento

In Geral, Saúde

O que evitar ao atender alguém em crise convulsiva.

Helena Cardoso

A epilepsia sempre esteve associada a diversos mitos. Há quem diga que ela é uma doença mental, enquanto outros ligam as convulsões (uma das formas de manifestação das crises epilépticas) a possessões demoníacas. Entretanto, nada disso é verdade.

De acordo com o médico neurologista Diego Dorim, “a epilepsia nada mais é do que uma síndrome que consiste no disparo dos neurônios, o que leva a manifestações da área do cérebro onde estão ocorrendo os disparos”, podendo ser de forma sensitiva, motora, visual ou de outros tipos. Ela é normalmente causada por algum tipo de lesão cerebral, como traumatismo ou AVC (Acidente Vascular Cerebral). Esse distúrbio é caracterizado por diversos tipos de crises epilépticas, sendo as convulsões a mais conhecida forma de manifestação.

Discriminação

Nadine Rago nasceu com epilepsia devido a problemas no parto, mas a síndrome só foi confirmada aos dois anos de idade. Por ser pequena, não se lembra de qual foi sua reação, mas conta que sofreu preconceito ao entrar para a adolescência: “a sociedade […] me fez acreditar que não era tão capaz assim, e aí veio a luta com a autoaceitação por conta do que os outros falavam e eu acreditava”, desabafa. 

Thamires Mattos também possui epilepsia, mas só descobriu quando tinha 13 anos. Suas crises convulsivas, entretanto, começaram antes, aos 12 anos. No início, ela tinha em média oito crises por dia, e essas crises aconteciam, em sua maioria, durante a aula, a atrapalhando a acompanhar o conteúdo com as fortes dores de cabeça e musculares causadas pelas convulsões.

Assim como Nadine, Thamires também encontrou dificuldades para se relacionar socialmente após o diagnóstico, principalmente durante a adolescência. Por isso, sempre que se aproxima de alguém com quem terá contato constante, faz “questão de avisar como as pessoas podem lidar com isso”, conta.

Mitos sobre o atendimento

A conscientização sobre o que fazer quando alguém está passando por uma crise convulsiva é muito importante, pois muitos mitos rondam o atendimento e podem trazer consequências tanto para o paciente quanto para quem está tentando socorrê-lo naquele momento. Uma das crenças mais conhecidas é que se deve puxar a língua do paciente para evitar que ele engasgue. Entretanto, o neurologista Diego Dorim adverte que, ao fazer isso, a pessoa pode ter seu dedo ferido, assim como inserir objetos na boca do paciente pode fazê-lo quebrar o dente. 

Outro mito muito popular é que ao jogar um balde de água, a crise será interrompida. Porém, ao fazer isso, o único efeito será a grande possibilidade de o paciente engasgar  ou aspirar a água. 

O neurologista explica que a forma mais adequada para um leigo proceder diante de um paciente com crise epiléptica é “simplesmente colocar ele em uma posição com a cabeça voltada para o lado, evitando que ele se engasgue com a própria saliva, afastar objetos que estão em seu entorno para que ele não se machuque e, assim que acabar a crise, encaminhá-lo ao hospital o mais rápido possível”, explica.

Pós-crise e tratamento

Já para os momentos pós-crise, Thamires conta que o que mais a ajuda é ter uma pessoa de confiança por perto e estar em um ambiente onde se sinta segura. Nadine, por outro lado, acredita que algo muito importante é fazer perguntas simples ao paciente, como o nome e onde ele está, até que a memória seja recobrada, além de tentar acalmá-lo e explicar que está tudo bem.

Existem diversas formas de se tratar a epilepsia, mas todas elas devem ser acompanhadas de medicamentos chamados anti-epilépticos. Thamires demorou três anos para conseguir um tratamento que estabilizasse suas convulsões, mas agora já está há oito anos com elas controladas. Para o neurologista, embora existam tratamentos alternativos, “os medicamentos são a melhor forma de se tratar um paciente com epilepsia”, opina. Os mitos e preconceitos que rodeiam a síndrome precisam ser entendidos e desmentidos para que, assim, não sejam mais perpetuados.

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