Especialistas explicam os efeitos do TikTok para o cérebro de jovens e adolescentes

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Tik Tok

Vídeos curtos, danças virais, músicas que não saem da cabeça e sistema de recompensa do cérebro contribuem para que a plataforma faça sucesso entre jovens. 

Rayne Sá

Um estudo publicado pela revista científica NeuroImage mostrou que o formato de vídeos curtos e personalizados utilizado pelo aplicativo TikTok tem se tornado um fenômeno entre os jovens por uma razão bem específica. Os cientistas da universidade Zhejaing, na China, explicam que os fatores podem estar relacionados à ativação de áreas do cérebro ligadas ao sistema de recompensa, em que a dopamina é liberada, provocando uma sensação de prazer e satisfação.  

No experimento, foram exibidos dois tipos de vídeos: os personalizados pelo algoritmo do TikTok e os genéricos, apresentados para os novos usuários da plataforma e que não tinham suas preferências ainda identificadas pela ferramenta. Os resultados foram analisados através de exames de ressonância magnética cerebral em 30 participantes e, conforme detalha o jornal O Globo, os pesquisadores descobriram que, entre as partes do cérebro ativadas apenas pelos conteúdos personalizados está a área tegmental ventral (ATV), um dos principais centros dopaminérgicos do órgão e considerado o inicio do circuito de recompensa. 

Um like, uma recomendação: A relação entre usuários e algoritmo

Em 2021, o TikTok passou a ser a rede social mais acessada do mundo, ganhando maior relevância durante os últimos dois anos e superando a marca de um bilhão de usuários ativos. E não é à toa, já que a sua desenvolvedora, ByteDance, possui estratégias para que o público formado, principalmente, por jovens e adolescentes, mantenha seu foco, por horas, na tela do celular. 

Segundo o Neurocientista Nicolas Cesar, essas plataformas desenvolveram algoritmos que mexem justamente com o sistema motivacional e de recompensa do cérebro. “A dopamina é liberada em uma região do cérebro que a gente chama de estriado ventral ou núcleo accumbens e ela vai sinalizar para uma recompensa futura, então se eu imagino que eu vou receber uma recompensa no futuro, eu tenho a dopamina sempre liberada”, explica. “Dessa forma, o indivíduo ganha energia para permanecer dentro da rede social”, completa. 

Os algoritmos são técnicas estabelecidas para dar destaque ao que o usuário mais consome dentro das redes sociais. No TikTok, os conteúdos que você demonstrou interesse, deixou o seu like, ficou mais tempo assistindo ou retido, servirá como base para recomendações futuras. “Isso significa que o algoritmo vai procurar por conteúdos que são parecidos com aquele que entretém você de forma que, cada vez que você rola pelo seu feed o conteúdo é ajustado para aquilo que você gosta”, conclui o especialista.  

Saúde mental nas redes sociais 

A adolescência é uma fase de descobertas e, em um mundo de comparações, a internet acaba agravando isso. “É uma busca incansável pela vida e corpos “perfeitos” que são mostrados nas mídias. Isso gera muita ansiedade”, diz a psicóloga Mariana S. São Joaquim, especialista em psicologia social.

Para ela, é no mundo on-line em que muitos adolescentes descobrem alguns traços da própria personalidade, e é o lugar que buscam identificação também, neste sentido. “É possível sim utilizar a internet de forma saudável, acho que o diálogo é sempre importante. Se tratando de adolescentes acredito que os pais precisam conversar sobre essa pauta e supervisionar sem proibição”, esclarece. 

A estudante Samara Cunha, 18, além de já ter perdido a noção do tempo nas redes sociais, “principalmente em aplicativos com algoritmos de sugestão”, relata as mudanças que percebeu ao começar a utilizar essas plataformas. “Maior conhecimento básico e raso sobre assuntos polêmicos, maior ansiedade e comparação no mundo digital.” 

De acordo com a psicóloga, procurar saber o que esse jovem acompanha nas mídias sociais e, explicar que se acompanhar alguma pessoa causa um certo incômodo, ele pode deixar de acompanhar é extremamente necessário. “Falar sobre as medidas de até que ponto faz bem se manter naquele lugar e quando não faz mais, também. É preciso ter uma medida certa, uma moderação no seu uso”, finaliza. 

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