Fentanil: droga que mais mata nos EUA, chega pela primeira vez ao Brasil

In Saúde

O opióide é cinquenta vezes mais viciante que a heroína.

Juliete Caetano

Em fevereiro deste ano, o Fentanil, droga que mais mata nos Estados Unidos, foi apreendido pela Polícia Civil no Espírito Santo. Não é a primeira vez que apreensão desse medicamento acontece no Brasil.

Só esse ano em Carapicuíba, na grande São Paulo, foram apreendidos 810 gramas desse entorpecente. Outra apreensão dessa droga aconteceu no Espírito Santo onde foram recolhidos 31 ampolas do anestésico, além de 136 kg de maconha, 2.500 pinos de cocaína e 13 kg de pasta de cocaína.

O Fentanil

O Fentanil é um anestésico para uso médico em seres humanos. Ele é altamente valorizado pelos seus efeitos analgésicos e sedativos, por isso, é utilizado no tratamento de dor e pode ser utilizado de forma injetável, pura ou em comprimido. Seus efeitos são comparados ao crack, pois promovem uma rápida euforia, logo seguida de relaxamento com resultado viciante. 

O estudo Síntese de Monitoramento Global da UNODC: Programa de Análise, Relatórios e Tendências (SMART), desenvolvido para fornecer relatórios precisos e regulares sobre padrões e tendências emergentes da situação global das drogas sintéticas, declara que tais fármacos são susceptíveis de abuso e tem propriedades de produção de alta dependência. 

Como medida de prevenção, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) incluiu na lista de “precursores de entorpecentes e psicotrópicos” as substâncias usadas na produção desse entorpecente. Isso faz com que cargas desses produtos sejam apreendidas, revertendo a possibilidade de traficantes produzirem a droga em laboratórios clandestinos. 

Para o Doutor Tiago Gil, formado em medicina pela Universidade Cidade de São Paulo e especializado em Anestesiologia, a recente apreensão no Brasil mirava o mercado externo, já que há poucas evidências de dependentes dessa droga no Brasil. “As medicações anestésicas e opióides já são controladas pela portaria 344 da Anvisa, o controle já existe, mas o tráfico também. No Brasil é muito raro alguém utilizar opióides como drogas de abuso”, declara.

O que são os opióides?

Os opióides são substâncias que se ligam em receptores que temos em nossos neurônios. Eles funcionam como uma chave e fechadura que reduzem o impulso elétrico entre neurônios e com isso reduzem a dor. São produtos sintéticos com atuação similar à dos opiáceos. Estes são derivados da seiva da papoula, mais conhecida como papoula dormideira, usada para obter o ópio que contém morfina, codeína, papaverina e outras substâncias.

O uso dessa droga pode desencadear consequências fatais, como parada respiratória e, consequentemente, a morte, já que os receptores não estão ligados somente ao cérebro, mas também em todo o corpo. Assim,  quando entram em contato com essas substâncias, não só “desligam” os neurônios para evitar que a dor chegue, como também podem desligar o cérebro e inclusive a vontade de respirar.

Por isso, a farmacêutica Lívia Costa, formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, salienta a responsabilidade por parte dos próprios profissionais de saúde em manter o controle desses medicamentos. “É muito importante usar qualquer medicamento sob prescrição médica. No nosso país é comum ver pessoas morrendo por conta do uso indiscriminado de medicamentos, inclusive de opióides”, ressalta. Com isso, a contribuição por parte de autoridades judiciais e por profissionais de saúde é de extrema importância para o controle da propagação dessa droga. 

Consequências da chegada dessa droga 

De acordo com o CDC, das 107.375 pessoas nos Estados Unidos morreram de overdose e envenenamento por drogas no período de 12 meses que terminou em janeiro de 2022. 67% dessas mortes envolveram opióides sintéticos como o Fentanil.

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