Moda e meio ambiente: o impacto do Fast Fashion

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Fast Fashion

Segundo o documentário The True Cost, Fast Fashion é o maior causador de poluição e exploração de pessoas nos países em desenvolvimento.

Milla Katherine

O consumo desenfreado de peças de roupa que são frutos de exploração e vêm de um processo de produção ecologicamente incorreto, resulta em alta poluição e descarte desnecessário. A isto se dá o nome de Fast Fashion, termo que surgiu para identificar um novo modelo de moda no qual roupas de baixa qualidade são produzidas em larga escala e com um custo bem abaixo no mercado. 

Marcas que normalmente lançariam duas coleções de moda por ano, passam a lançar peças novas a cada semana, despertando nos consumidores uma falsa sensação de necessidade e urgência.

O impacto ambiental do Fast Fashion

A ONU afirma que a indústria da moda é responsável por 8% da emissão de gás carbônico na atmosfera. O despejo de resíduos têxteis nos solos e oceanos, e o descarte indevido de peças de roupa são parte do processo de degradação do Fast Fashion.

O documentário The True Cost apresenta todo o processo da roupa, desde a matéria-prima até chegar ao consumidor final, mostrando uma história marcada pelo poder e a pobreza. De acordo com o conteúdo, nos anos 60, os Estados Unidos produziam 95% das suas roupas e hoje apenas 3% das peças são produzidas lá. Os outros 97% são terceirizados em países subdesenvolvidos. 

Roger Lee, CEO da Tal Group, conta no documentário que sua empresa localizada na China, produz uma a cada seis camisas vendidas nos EUA. O americano médio leva 37 quilos ao desperdício têxtil, somando-se a mais de 11 milhões de toneladas de resíduos têxteis que não se degradam facilmente, podendo permanecer em aterros por mais de 200 anos, aponta o documentário.

Já no Brasil a indústria da moda gera 175 mil toneladas de resíduos têxteis por ano, de acordo com dados da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (ABIT).

Trabalhadores pagam um alto preço pela produção de roupas baratas

O documentário The True Cost ainda apresenta situações reais que fazem parte de uma indústria que não oferece direitos trabalhistas e humanos básicos, onde mulheres e crianças trabalham nos chamados SweatShops, que são produções de baixos salários em condições de trabalho precárias que são “justificadas” pela “necessidade de criar empregos para pessoas sem alternativa”, conta o documentário.

Em função da necessidade de que o produto final chegue mais barato e em grande escala,  grandes empresas optam por aderir ao sistema dos SweatShops, oferecendo um salário totalmente abaixo da média para pessoas em países menos desenvolvidos, como Índia e China, aponta o documentário.

A relação da sociedade com a moda 

Grandes empresas da moda têm prometido estar mais conscientes e cuidadosas em relação à preservação do meio ambiente. Medidas mais sustentáveis têm sido cobradas das gigantes da moda, que em sua maioria oferecem mais quantidade e menos qualidade nas peças. 

São muitos os impactos da indústria e, no geral, as pessoas não possuem acesso a informações suficientes a respeito de tamanha degradação. A estudante Alana Araújo afirmou que se incomoda em saber que, de fato, muito do que consome é fruto de exploração, mas acredita ser “difícil deixar de consumir totalmente esse tipo de moda, se for levado em consideração a desigualdade social em que o Brasil se encontra, e em consequência disso, o salário mínimo abaixo do ideal, o Fast Fashion passa a ser a forma de consumo mais acessível ao brasileiro”.

Para Alana, poder escolher onde comprar é privilégio e o Slow Fashion não é uma opção já que o lugar onde vive (Salvador-Ba), não possui muitas opções de brechós ou tantas lojas ecologicamente corretas com preços acessíveis, afirma. 

Como o brasileiro pode diminuir o consumo de Fast Fashion?

A design de moda Camila Barsou afirma que “de fato, ainda pode ser caro ter acesso a moda sustentável no Brasil. No entanto, o consumo consciente pode ir muito além disso, através de bazares de igreja, bazares de troca e brechós online ou até presenciais que possuem curadoria própria e de boa qualidade. Outra boa opção é a que incentiva você a customizar antigas peças, transformando-as em novas”.

Camila acrescenta sobre o sistema de aluguel de roupas casuais, que ainda não é tema tão conhecido no Brasil, mas já existem várias dessas lojas nas grandes cidades, com preços realmente acessíveis. 

Marcas Slow se preocupam com o processo, que vem desde a matéria prima ao descarte e desta forma, o Slow Fashion propõe um estilo de vida mais consciente a partir do que você usa. É o caso da marca de bolsas BOM-B, que tem peças únicas fabricadas por Andrea Guzman e Felipe Souto, que acreditam que os artigos de moda devem ser preservados e as pessoas precisam ser estimuladas a cuidar das suas peças, despertando a necessidade de adquirir peças duradouras,de qualidade e com preços justos.

A moda é forma de expressão e comunicação e não deve ser considerada descartável, e os brechós são a alternativa para começar a ser sustentável. “Procuro falar muito sobre isso, sobre o minimalismo e formas de entender melhor seu estilo e suas necessidades para consumir de forma mais responsável, optando por peças que fazem sentido no seu dia-a-dia”, afirma Vittoria Lima, curadora do brechó Banana Chili.

A curadora conclui que o consumo de segunda mão é a alternativa mais simples e acessível  e que pode impactar, mesmo que minimamente, o sistema de consumo e descarte do qual participamos.

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