Terapia assistida por animais: uma opção para potencializar os resultados

In Geral, Saúde

Recomendada para todas as faixas etárias, esse tipo de terapia melhora as funções físicas, sociais, emocionais e cognitivas dos humanos.

Camilly Inacio  

Também conhecida como Zooterapia, a Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma prática que coloca os animais como parte integrante do processo de tratamento, promovendo a melhora social, emocional, física e/ou cognitiva de pacientes humanos. O método passou a ser conhecido depois de 1792, quando foi proposto por William Tuke para o tratamento de doentes mentais de um asilo psiquiátrico em Londres. 

Objetivos da Terapia Assistida por Animais 

A TAA tem como princípio que o amor que pode surgir entre humanos e animais gera diversos benefícios e auxilia na potencialização dos tratamentos convencionais, por isso, deve ser acompanhada por profissionais da saúde devidamente qualificados. Além disso, promove o auxílio no tratamento de diversas patologias, como síndromes genéticas, hiperatividade, depressão, mal de Alzheimer, lesão cerebral, entre outras. 

Andressa Chodur é terapeuta ocupacional, especialista em gerontologia, mestre em comportamento motor e cinoterapia. Ela explica que “a TAA é como se fosse um catalizador dos processos terapêuticos, esse é o diferencial. Então é uma prática que facilita com com que a gente atinja os objetivos definidos anteriormente”. 

“Os objetivos da TAA vão ser combinados com o profissional de saúde que acompanha o paciente, além das das sessões de terapia com animais”, explica. Por isso, os exercícios são inúmeros e “tem que ser planejados de acordo com a queixa e a necessidade de cada paciente, podendo ser objetivos sociais, cognitivos, emocionais, físicos ou pedagógicos”, observa a terapeuta.

“Se eu que sou terapeuta ocupacional e acompanho um paciente que precisa melhorar o movimento da mão, e também sou cinoterapeuta, consigo planejar uma sessão de exercícios que inclua cães, por exemplo, jogando bolinha, entregando petiscos, estimulando de preferência aquela mão que está mais comprometida pela doença”, exemplifica Andressa. 

Sobre os benefícios, ela comenta que “eles vão vão de encontro com os objetivos, a interação com o animal de terapia, ela pode provocar relaxamento, melhora do humor, alivio da percepção da dor, melhora da função cardio respiratória, liberação de hormônios e neuro transmissores relacionados ao prazer e bem estar”.

De forma geral, os benefícios e os objetivos podem ser atingidos e alcançados em diversos contextos e aspectos do paciente, conforme a necessidade do mesmo. “O ideal é que os objetivos e o plano de elementos da sessão sejam definidos e com um acordo entre a equipe de terapia assistido por animais e o profissional de saúde que já acompanha paciente previamente”, ressalta Andressa.

Vale lembrar que esse método é indicado para todas as faixas etárias, para todos os contextos, para todas as pessoas que estejam precisando potencializar os resultados das suas terapias convencionais. Muitas vezes a interação com o cão de terapia consegue atingir algumas respostas e benefícios que com a terapia com convencional a gente não consegue. A única contraindicação é o paciente não querer participar ou ter uma alergias graves em caso de contato com esses animais. 

Projeto Alice

Atualmente, existem diversos projetos que promovem a Terapia Assistida por Animais e facilitam o contato entre os tutores de cães treinados para isso e os pacientes. Emi Parente é fundadora do Projeto Alice, e explica que a Terapia Assistida por Animais (TAA) é “a utilização de animais como modalidade terapêutica para facilitar a cura e a reabilitação de pacientes com doenças agudas ou crônicas”. 

Emi desenvolveu o projeto em união com a equipe de neuropsicologia da escola bilíngue canadense Maple Bear Barra. Ela, que é professora de fotografia na unidade, também é a tutora dos dois cães participantes, a border collie Alice, de sete meses, e o spitz alemão Albert, de 2 anos. “Juntos desenvolvemos planos de intervenção personalizados, focando no transtorno de cada aluno, objetivando a quebra de barreiras” expõe Emi. 

O Projeto Alice, promove terapia com cães para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), síndrome de Down, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), dislexia e depressão. A tutora descreve que “o programa passa por análise a cada 6 meses, onde reformulamos as estratégias e fazemos uma leitura do desenvolvimento de cada aluno”. Além disso os “estudos indicam que a tendência de um aluno melhorar seu desenvolvimento aumenta consideravelmente com as Terapias Assistidas”, considera ela.

Alice e Albert, os cãezinhos terapeutas, passaram por treinamento desde o primeiro dia que chegaram em casa. Para se tornarem ‘terapeutas’, os cachorrinhos passaram por treinamentos nacionais e internacionais, entre eles, treinamento de obediência, triagem veterinária, classe de habilidades terapêuticas, teste de habilidades do terapeuta, teste de temperamento do terapeuta. “Contamos com a ajuda dos especialistas em comportamento animal Escola Lobatos para treinamento de Alice & Albert, e somos certificados internacionalmente para tal serviço”, esclarece a tutora. 

Crianças beneficiadas

Claudia Mohr é formada em administração, com pós graduação em gestão escolar e gestão de pessoas. Atualmente ela atua como coordenadora do Remanso da Pedreira, uma ONG de assistência social, que proporciona à crianças condições básicas para se tornarem cidadãos com oportunidades em nossa sociedade. Ela trabalha com a socialização, autoestima, afeto, e proporcionando a inclusão deles no meio social de forma natural e gradativa.

O Remanso tem criança de 6 a 15 anos que ficam na ONG no contraturno escolar. Elas vão todos os dias e lá recebem todos os tipos de atendimentos médicos. Além disso, diversas atividades são proporcionadas, entre elas a Terapia Assistida específicamente com cães, uma subdivisão da TAA, chamada de Cinoterapia.  

“Os tutores vêm aqui com alguns cães e eles fazem essa interação com as crianças. Eu acredito que essa interação e contato com os animais é muito incrível”, compartilha Cláudia. Ela continua dizendo que “vemos que tanto os animais quanto as crianças, ficam mais calmas e receptivos. Quando alguma criança está muito triste, ela fica animada quando os cães vem, porque a realidade de algumas delas é bem difícil e geralmente vem de casa com muitos problemas”, explana a coordenadora da ONG.

Equoterapia

Outras subdivisão da Terapia Assistida por Animais, é a Equoterapia. Essa subdivisão se trata de um método terapêutico que utiliza o cavalo por meio de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial. 

“Na Equoterapia, além dos benefícios já mencionados, utilizamos o cavalo para ganho de postura, equilíbrio, adequação ao tônus, coordenação motora, entre outros”, comenta a direção do Universo ABA, composta por Ana Carolina Matos, Sandra Morais e Marcelle Volpasso. 

Ana Carolina Matos é Diretora e Fundadora do Universo ABA, um projeto que tem como foco o atendimento infanto-juvenil, através de uma equipe especializada em Neurodesenvolvimento e na ciência ABA, que estuda e atua diretamente no comportamento de crianças e adolescentes com autismo. Sandra Morais é Analista do Comportamento e Coordenadora terapêutica do Universo ABA e Marcelle Volpasso é Equoterapeuta. 

O Universo ABA é uma clínica focada no atendimento de crianças e adolescentes com atrasos no desenvolvimento, com foco no atendimento de crianças com autismo. “Nossos atendimentos são baseados na ciência Análise Comportamental Aplicada (ABA – Applied Behavior Analysis)”, explicam. 

“Aqui a Análise do Comportamento é Aplicada ao Autismo com estratégias naturalistas. Nossa clínica preza por um trabalho que oportuniza o vínculo com os animais de forma interdisciplinar, possibilitando o contato da criança em terapia com um ambiente aberto e ao ar livre”, reiteram.

Todos podem se beneficiar dos estímulos oferecidos através do contato com os animais. “Em nossa clínica utilizamos estes recursos para trabalhar com crianças que possuem atrasos no desenvolvimento, crianças com autismo e que muito precisam desse contato com aspectos que envolvem o dia a dia”, contam.

Elas comentam que “a TAA é um recurso terapêutico no qual é utilizado o contato entre o indivíduo e os animais. Esse contato proporciona diversos benefícios na esfera física, emocional e social”. O mais importante é sempre oferecer esse trabalho com profissionais capacitados e preparados para atender todas as demandas de forma ética, segura, respeitosa, empática e acolhedora.

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