Desvendando mitos: é seguro esquentar comida no micro-ondas?

In Geral, Saúde

A Organização Mundial da Saúde garante que não gera problemas para a saúde.

Davi Sousa

Desde sua invenção na década de 1940, o micro-ondas tem sido uma ferramenta valiosa na cozinha, permitindo que alimentos sejam aquecidos rapidamente com apenas o toque de um botão facilitando a vida dos mais atarefados aos que não tem afinidade com as panelas. 

No entanto, surgiram preocupações sobre a segurança do uso desse aparelho para esquentar comida. Alguns mitos sugerem que o micro-ondas pode causar danos aos alimentos ou até mesmo representar riscos à saúde humana.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a utilização correta do micro-ondas para aquecer alimentos não traz qualquer risco à saúde. Mas além da radiação existem outros fatores que as pessoas deveriam se preocupar como a perda de nutrientes dos alimentos aquecidos e o aquecimento de recipientes de plástico.

Perda de nutrientes 

O aquecimento de alimentos no micro-ondas tem sido associado à perda de diversos nutrientes essenciais para a saúde. Entre os nutrientes mais afetados estão as vitaminas solúveis em água, como a vitamina C e algumas do complexo B, além de alguns antioxidantes, como os flavonoides,  como relata estudo realizado em Manhattan.

“Esses nutrientes desempenham papeis fundamentais no organismo humano. Por exemplo, a vitamina C é conhecida por seu papel na imunidade, na saúde da pele e na absorção de ferro, enquanto os flavonoides têm propriedades antioxidantes que ajudam a combater o estresse oxidativo e reduzir o risco de doenças crônicas, como doenças cardíacas e câncer”, esclarece a nutricionista Andreza Lima.

Estudos científicos têm mostrado que o aquecimento no micro-ondas pode levar à degradação desses nutrientes devido ao calor intenso e à exposição prolongada. A perda desses nutrientes pode comprometer a qualidade nutricional das refeições, o que, por sua vez, pode ter um impacto negativo na saúde a longo prazo.

É importante ressaltar que a perda de nutrientes no micro-ondas não é exclusiva desse método de aquecimento. Outros métodos de cozimento, como fritar, assar e cozinhar em panelas, também podem resultar em perdas nutricionais. No entanto, entender os efeitos específicos do micro-ondas na perda de nutrientes pode ajudar os consumidores a tomar decisões mais informadas sobre sua alimentação e estilo de vida.

Esquentar recipientes de plástico

Esquentar comida no micro-ondas é uma prática comum e conveniente, mas surgem questões sobre a segurança quando o alimento é aquecido em recipientes de plástico.

Para o técnico em segurança alimentar, Pedro Almeida, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), aquecer comida em recipientes de plástico no micro-ondas representa um risco para a saúde. Ele ressalta que mesmo plásticos rotulados como ‘seguros para uso em micro-ondas’ podem liberar substâncias nocivas quando aquecidos.

“O calor do micro-ondas pode acelerar a liberação de substâncias químicas presentes no plástico, como os ftalatos e o bisfenol (BPA), que são conhecidos por causar problemas de saúde, especialmente em crianças”, explica Almeida

Em um estudo de 2011 realizado pela Universidade da Califórnia em Berkeley mostrou que mais de 400 recipientes plásticos destinados a alimentos foram testados, revelando que muitos liberam substâncias químicas capazes de interferir nos hormônios.

Os ftalatos são conhecidos por seus efeitos nos hormônios e no metabolismo. Em crianças, por exemplo, eles podem aumentar a pressão arterial, a resistência à insulina e o risco de distúrbios metabólicos, como diabetes e hipertensão. Além disso, a exposição a ftalatos foi associada a problemas de fertilidade, asma e TDAH.

Outra substância de preocupação é o bisfenol (BPA), também encontrado em plásticos. Estudos mostram que o BPA pode interferir nos hormônios e no comportamento celular, aumentando o risco de câncer, distúrbios hormonais, problemas de fertilidade e complicações no sistema imunológico.

Radiação

Uma das preocupações frequentes em relação ao uso do micro-ondas é a exposição à radiação. O micro-ondas usa a radiação eletromagnética de alta frequência para aquecer os alimentos, o que pode levantar questões sobre a sua segurança. No entanto, é importante compreender que o tipo de radiação utilizada no micro-ondas é diferente da radiação ionizante, como a radiação ultravioleta e radiação nuclear, que podem danificar o DNA celular e aumentar o risco de câncer. 

A radiação do microondas, chamada de radiação não ionizante, é considerada segura pela grande maioria dos especialistas da saúde. Essa radiação não é capaz de penetrar profundamente nos alimentos nem causar alterações significativas em materiais orgânicos. O funcionamento do micro-ondas baseia-se na absorção de energia pelas moléculas de água, gordura e açúcar presentes nos alimentos, o que gera calor e aquece os alimentos de forma uniforme. 

A quantidade de radiação emitida por um microondas é regulamentada e controlada por padrões de segurança rigorosos estabelecidos por órgãos reguladores de saúde em todo o mundo. Esses padrões visam garantir que o micro-ondas no mercado emitem níveis seguros de radiação que estejam dentro dos limites considerados inofensivos para os seres humanos.

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