Paixão além das fronteiras: a crescente torcida dos brasileiros pelos times europeus

In Esportes, Geral

Um em cada três brasileiros torce para um time europeu.

Isabella Maciel

O futebol europeu hoje desperta a paixão de torcedores brasileiros por times do velho continente. Muitos estão criando o hábito de torcer para times europeus, e esse fenômeno pode se dar principalmente por conta da globalização do futebol, falta de representatividade de jogadores brasileiros em videogames e a decadência do futebol brasileiro.

Os jovens, até mesmo as crianças, são os mais interessados em clubes internacionais. Um dos pontos que chama atenção são os jogos de videogame, já que eles permitem a criação de vínculos com os times utilizados, sendo muito comum jogar com Real Madrid, Barcelona, Manchester United, PSG, entre outros.

O torcedor brasileiro se identifica com times europeus, pois muitos times do velho continente foram e são casa de muitos jogadores brasileiros como, Vinicius Junior, Marcelo, Ronaldinho Gaúcho, Casemiro e Neymar. Além disso, jogos como FIFA e PES ficaram anos sem a licença dos times brasileiros, o que impedia os jogadores de utilizarem os times nacionais.

Depois da Copa do Mundo de 2014 os clubes europeus começaram a apostar no mercado brasileiro. Para isso, eles abriram escolinhas de futebol em solo nacional e até o próprio PSG investiu no plano de sócio torcedor para os fãs brasileiros, o “Sócio-torcedor My Paris Brasil”. Além disso, o acesso facilitado às transmissões permitindo acompanhar os principais campeonatos europeus pela televisão, serviços de streaming e plataformas online, é outro fator que se destaca.

Como pode ser explicado?

Uma das principais razões que levam os brasileiros a torcer para times europeus é a busca pela excelência. Os clubes europeus apresentam um alto nível técnico e tático, contando com jogadores relevantes e competindo em ligas altamente competitivas, além de um jogo intenso e veloz.

Essa qualidade e a constante disputa por títulos chamam a atenção dos brasileiros, como Ronaldo Júnior. “O que eu mais gosto no futebol europeu é a intensidade dos jogos. Ele é mais jogado e intenso. Brasileiro é muito lento”, conta.

Ronaldo Júnior, torcedor do Manchester City, conta que começou a torcer para o time por causa do jogador Tevez, que jogou no Corinthians em 2005. “Acompanhei ele no Corinthians em 2005 e quando ele foi pro City foi aí que acabei me simpatizando mais pelo time e de lá pra cá acompanho com bastante frequência”, relata.

O jornalista esportivo Irlan Simões, explica que esse fenômeno se dá por conta de vários fatores, como ampliação de acesso aos jogos europeus, distância financeira e, consequentemente técnica que os clubes europeus conseguiram com relação aos brasileiros. “Mesmo aqueles que não estão nas ligas de elite ou são os chamados “super-clubes”, têm mais poder financeiro. Há um bom tempo o futebol brasileiro mal consegue reter seus jogadores de terceiro escalão”, explica.

Como o videogame pode influenciar?

Os videogames de futebol, como o FIFA e o PES, apresentam times e jogadores de várias ligas do mundo, incluindo as europeias. Ao jogar esses jogos, os brasileiros têm a oportunidade de conhecer e se identificar com equipes e jogadores da Europa, despertando interesse e admiração por eles. Durante vários anos, os jogos foram privados da licença dos times brasileiros, o que impossibilitava os jogadores de desfrutarem dos times nacionais.

Irlan acredita que os jogos de videogame influenciam a torcer para os clubes do estrangeiro, porque os jogos ajudam na exposição desses clubes a nível internacional. “Não sei se a falta de licenciamento do futebol seria um fator decisivo, porque no fim das contas é a imagem de discrepância técnica, que já existe, mas o jogo ajuda a aprofundar, que faz muitos jovens acharem que é necessário se identificar com um clube europeu”, explica.

De acordo com Irlan, algo muito parecido aconteceu e ainda acontece com muitos torcedores de clubes de estados mais periféricos do país com relação aos clubes de Rio e SP, mesmo quando tinham clubes com alguma relevância nacional e com frequência na elite (Paraná, Santa Catarina, Bahia e Pernambuco, por exemplo).

No Brasil, para conter esses casos dos torcedores futebol caindo e para tentar aumentar o nível técnico, os cartolas fundaram a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) e a Liga Forte Futebol do Brasil (LFF). O objetivo é criar uma liga unificada que ajudará a manter a competitividade do campeonato brasileiro, potencializando a atratividade do produto para a mídia, patrocinadores e principalmente os torcedores e aumentando o nível do futebol brasileiro.

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