Perigos da superexposição nas redes sociais atingem adolescentes

In Geral, Saúde

Está crescendo o acesso às redes sociais e é preciso ficar de olho nas postagens feitas para não se expor e dar abertura para criminosos.

Nycole de Souza

O livro A fábrica de cretinos digitais mostra que 62% dos adolescentes dedicam mais de 4 horas por dia a telas digitais, sendo esse grupo de pessoas dos 13 aos 18 anos.  Esse excesso de exposição virtual pode trazer consequências trágicas na vida das pessoas que praticam essa rotina, principalmente de jovens e crianças.

Registrar os momentos dos filhos é importante e através dos smartphones tem sido cada dia mais fácil esse momento. Além disso, tem crescido a criação de perfis que tem a intenção de mostrar a vida das crianças. Os pais já criam um perfil antes mesmo do bebê nascer e assim são formados os “pequenos influencers”, pois já crescem com milhões de seguidores.

Às vezes na empolgação os pais podem postar informações que estarão ao alcance de qualquer pessoa, e podem expor a vulnerabilidade da vítima.

EM alguns países a exposição de menores pode causar denúncias das escolas sobre os pais para a polícia e serviços sociais. Um exemplo é em Taiwan, que tem uma lei que prevê multas para pais que expõem seus filhos com menos de 24 meses em qualquer aplicativo digital e que não limitam o tempo de uso dos jovens de 2 a 18 anos. 

Jeferson Albuquerque é policial civil em Brasília e entende o risco que se corre ao expor na internet, as crianças principalmente, já que ficam vulneráveis a qualquer pessoa mal intencionada. “Hoje em dia, existem vários criminosos que estão online todo tempo só esperando para que possa dar andamento a sua atividade criminosa. Não são raros os casos em que criminosos expõem os conteúdos de cunho sexual, violento ou nocivo de alguma maneira”, relata. 

Ansiedade, depressão, transtornos alimentares, bullying e cyberbullying são algumas das possíveis consequências dessa superexposição. A psicóloga Miriam Rodrigues diz que a criança busca por interação e isso é importante para o seu desenvolvimento, e o uso abusivo de telas prejudica seu desenvolvimento social, principalmente a forma de se relacionar com os outros.

“Os adultos que se expõem em excesso geralmente se tornam inseguros, ansiosos e têm dificuldade de relacionamentos, podendo desenvolver transtornos como ansiedade, depressão, síndrome do pânico e outros”, completa.

Para os influenciadores, não expor a vida particular pode ser um problema, pois quanto mais seguidores, mais as pessoas pesquisam o seu nome. Ian Alves é influenciador de Rio Claro, São Paulo, e relata que antes de se tornar uma figura pública tinha menos visibilidade, privacidade preservada e menos pressão pública. Agora, com maior visibilidade, abre portas para mais oportunidades, mas também mais exposição e expectativas.

Consequências da superexposição 

As postagens pessoais chegam a vários tipos de pessoa, e em algum momento alguém pode utilizar essas fotos ou vídeos com outro olhar e atitudes perversas. A vida pessoal também é afetada, pois quando se torna um influenciador é criado uma pressão constante para manter uma imagem pública, a gestão do tempo pode ser desafiadora devido à demanda constante de interação online.

É preciso estar preparado para comentários negativos que podem afetar emocionalmente, levando a situações desconfortáveis e podendo afetar as relações pessoais. “Cada pessoa experimenta a influência de maneira diferente, dependendo da sua abordagem, do nicho em que atua e do público-alvo. Nem todas as influências são negativas, mas é essencial estar ciente dos desafios e das responsabilidades associadas à exposição pública”, diz Ian.

Ao postar cada passo do seu dia a dia, como o local em que está jantando, o horário da sua caminhada ou o seu endereço nas plataformas, as pessoas deixar esses dados disponíveis para criminosos digitais. A quantidade de seguidores é importante para as pessoas, mas é preciso saber equilibrar bem a vida pessoal com a da internet.

O policial trouxe algumas dicas para evitar passar por consequências ruins nas redes. “Sempre que alguém pedir algo, se possível, faça uma validação para saber se não é golpe, ter como amigos nas redes sociais somente pessoas conhecidas ou perfis que sabe que não são falsos, tomar cuidado com os perfis que segue ou interage e qualquer suspeita de golpe procurar a delegacia para o registro de ocorrência”, finaliza.

“Podemos ter tudo com equilíbrio, telas, redes sociais e tantos outros, a tecnologia pode nos ajudar muito. Pode todo excesso dizer que é uma falta, a questão é refletir. O que estou querendo cobrir? A terapia é um bom lugar”, complementa a psicóloga Miriam.

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