Traição pode causar dor física, insônia e até depressão

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Problemas com sono e de concentração também podem ser desenvolvidos após esse trauma. 

Sara Helane

As consequências de uma traição podem variar de indivíduo para indivíduo, segundo o psicólogo clínico, Marcos Vitor Siqueira. Essas consequências irão depender muito do tipo de relação e da forma como essa traição ocorreu, ou seja, se foi algo inesperado ou se já havia indícios da ocorrência. Após o trauma, é recomendado que a pessoa traída procure ajuda de profissionais para evitar consequências que podem trazer prejuízos. 

Traição

Segundo o Dicionário Online de Português a traição é definida como: ação de trair alguém; perda completa da lealdade que resulta de uma ação traiçoeira. Ainda, de acordo com o dicionário, por analogia o termo pode ser definido como “a infidelidade num relacionamento amoroso”. Com relação a isso, Vitor explica que, dentro de um contexto amoroso, a traição traz diversas consequências para a pessoa que foi traída.

Segundo Vitor, as consequências e os problemas causados pela traição podem variar muito de pessoa para pessoa por conta do tamanho da importância desse relacionamento.  “Claro que toda traição tem uma quebra de confiança, mas o grau de transtorno que ela vai criar é totalmente variável por causa do grau de expectativa que se tem sobre o outro”, esclarece. 

Vitor ainda conta que os fatores que podem causar diversas intensidades podem ser: se a relação que a pessoa traída está já é uma relação em que existe pouco afeto ou se é uma relação em que já existe uma sequência considerável de traições é provável que essa pessoa traída sinta menos consequências. Porém, quando é algo inesperado ou se tornou público, isso acaba se envolvendo na situação e delimitando o espaço e um impacto daquele trauma.

Consequências da traição

A dor física é uma das possíveis consequências da traição. Segundo um estudo conduzido por Ethan Kross, da Universidade de Michigan, o sentimento de abandono atinge as mesmas áreas do cérebro que a dor física. Sobre isso, Vitor explica que a traição causa um sentimento de abandono, pois ser traído é, de alguma forma, ser rejeitado, ou seja, não ser suficientemente bom para o outro. “Então, ser rejeitado, dói, e, uma vez que ser traído é ser rejeitado, isso pode sim trazer dor física”, ressalta.

Ainda, para o psicólogo, existem alguns estudos que podem apontar, analgésicos para dor, como medicamentos recomendados para esses casos, porém, devem ser usados com apoio e indicação de algum profissional. 

Outras consequências da traição seria a hipervigilância. “É como se a pessoa ficasse mais sensível e mais alerta ao que acontece ao seu redor. Isso pode gerar ansiedade, raiva, desejo de vingança, problemas com o sono e com concentração. Então, tudo isso revela que o organismo está tentando marcar essa experiência o mais profundo possível para que o indivíduo não volte a tê-la”, explica o psicólogo, que ainda aponta que essa é uma estratégia que, nem sempre, traz os melhores resultados.

O que fazer após a traição

Após a traição, a pessoa traída tem que tomar algumas atitudes para decidir o que ela quer, ou seja, se quer ou não continuar nessa relação, já que tem essa escolha de decidir o que acha ser melhor para si. Uma vez que esta pessoa decidiu seguir com a relação, agora terá que aprender a lidar com esses pensamentos de vigilância, ansiedade, ciúme, e da hipótese do que o outro está fazendo. 

Vitor compara esse processo com a reconstrução de alguma obra. “Esse processo de reconstrução não é instantâneo. É como se ela tivesse que reconstruir e reformar uma casa, e reformar, às vezes, dá mais trabalho do que construir. Nesses casos, a ajuda de um profissional, pode ser útil para o indivíduo reorganizar sua vida”, enfatiza.

Agora, quando a ideia é esquecer o outro, é recomendado que o indivíduo evite todo estímulo que faça com que haja uma recordação do outro. Isso pode se dar de diferentes formas, como uma música, um ambiente, uma foto, o animal de estimação ou um restaurante. Quanto mais a pessoa evitar essas lembranças, menor será o espaço de sofrimento que ela terá e essa cicatriz emocional será restaurada.

Dor emocional

O momento dor emocional é o quando a pessoa está sofrendo e, nessa etapa, ela tende a tomar decisões que posteriormente podem gerar arrependimento como: o desejo de vingança, ou seja, pensar: “eu vou trair como eu fui traído(a)” , desejo de viver a vida “adoidado”, normalmente esses comportamentos podem trazer mais problemas do que solução, de acordo com Vitor. 

O psicólogo aponta que esses problemas surgem porque antes, esse indivíduo tinha apenas o problema da traição, agora ele pode ter feito uma compra para tentar compensar isso ou entrou em um outro relacionamento sem pensar. “Portanto existem cuidados essenciais que podem evitar isso, alguns exemplos são: verdadeiros amigos, aproveitar para fazer um momento de reflexão interna, reavaliar a vida, a direção, os caminhos e as escolhas”, diz. 

Hoje, dentro da literatura médico-psiquiatra há a apresentação de um período de 15 dias ou mais em que o indivíduo sofre uma “anedonia”, ou seja, uma perda de prazer, um desinteresse pela vida, uma falta de alegria com outras coisas que antes se tinha prazer. Segundo Vitor esses sinais já são considerados um quadro em que precisa da busca por um profissional.

Então se passar de 15 dias e a vida interna dessa pessoa continua desorganizada e faz com que ela não consiga avançar, o ideal é que se procure um profissional que pode ser um terapeuta ou um psiquiatra para ajudar essa pessoa a direcionar a vida depois desse trauma.

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