UGC creator: a nova era de influenciadores “reais”

In Ciência e Tecnologia, Cultura, Geral

Saiba o que são os novos criadores de conteúdos que são pagos e ganham “recebidos” de marcas grandes, mesmo tendo poucos seguidores. 

Hellen de Freitas 

O termo americano “User Generated Content” (UGC), em português, é traduzido como conteúdo gerado pelo usuário ou conteúdo espontâneo e orgânico. Essa metodologia, no mundo publicitário, não é considerada nova e é conhecida por criar certo vínculo entre a marca e o usuário.

Então, tudo bem! Sabemos o que UGC significa, mas e o “creator”? Basicamente, tem a mesma função dos já conhecidos influenciadores, na qual parcerias entre a marca e o criador de conteúdo acontecem regularmente. 

Com a junção de ambos os termos é criado o UGC creator, que tem como maior diferencial o anonimato. Nesse caso, o número de seguidores não é importante, pelo contrário, é o que faz as marcas se interessarem. Procurando uma publicidade mais realista, aproximando a marca ao consumidor.

Segundo pesquisa realizada ano passado pela The Nielsen Company, as empresas estão investindo em redes sociais e influenciadores para construir um tipo de confiabilidade com os clientes. De acordo com os dados recolhidos, 71% dos consumidores dizem confiar na opinião de criadores de conteúdos sobre serviços variados e produtos. 

Filipe Coutinho é analista de mídia paga e estratégias digitais e afirma que as marcas estão procurando esse tipo de abordagem. “Algumas pesquisas já apontam que as pessoas confiam cada vez menos na publicidades feitas pelos influenciadores. É só você pensar em como um conteúdo perde sua relevância só de ver a ‘#publi’ na legenda do post. As pessoas não confiam nas marcas, pessoas confiam em pessoas”, explica.

Segundo ele, quanto mais os conteúdos produzidos pelas marcas parecerem reais e autênticos, mais elas conseguirão influenciar sua audiência a comprar.

Mundo UGC 

Depois de entender um pouco sobre o mundo dos criadores, você deve se perguntar como realmente funciona esse método. Nevin Mourad trabalha como social media e UGC há 10 anos. Atualmente, é empresária em sua própria agência, além de ter uma academia de UGC creator, na qual ensina métodos para fechar parcerias. Por trabalhar na área há algum tempo, ela viu esse modo como uma forma mais “fácil” de ganhar dinheiro. 

Antes, como social media, ela fazia estratégia, criava posts, editava reels, fazia legendas e criava hashtags. Segundo ela, tudo era mais trabalhoso antigamente. A criadora de conteúdo diz que esse meio veio para a ajudar, pois ao invés de ficar horas fazendo um serviço para ganhar pouco, com o UGC, ela tira um dia para fazer tudo e recebe o valor de quase um mês de trabalho como social media.

Nevin também conta que as marcas estão procurando se camuflar mais nas redes sociais, afinal, as pessoas não entram no Instagram para comprar. Segundo ela, o público entra para se conectar e socializar, o que faz as empresas repensarem seus métodos e disfarçar as famosas “publis” como se também estivessem socializando. 

“A publicidade antiga tinha muito aquela pegada McDonald ‘s, com fotos super publicitárias e trabalhadas em estúdio, criando até aquela comparação entre os lanches e a realidade. O UGC vem para quebrar exatamente isso”, afirma. A empresária ainda comenta que antigamente o consumidor não tinha como responder e só ouvia a marca de forma passiva.

Atualmente, o consumidor passou a ter voz. Se tem algum problema com o produto, ele posta em suas redes. Se tem um bom feedback, vai comentar nos posts da mercadoria, se tornando, literalmente, a cara das marcas. 

A criadora de conteúdo diz que a Lancôme, marca de luxo, já se inseriu no mercado, postando vídeos de UGC creators que apostam em vídeos simples e orgânicos. “Até a Lancôme, que tem bilhões para investir e que possui representantes como a Zendaya e Penelope Cruz, começou a utilizar esse tipo de publicidade. É claro que continuam com as propagandas irreais com cavalos correndo, mas também perceberam que esse método não se aplica às redes sociais atuais, pois o real retém a atenção dos clientes,” afirma Nevin. 

Espaço para todos 

A #ugccreator no Tik Tok já acumula mais de um bilhão de visualizações até o momento. Com uma potência dessas chegando ao país, será que a saturação do mercado é possível? De acordo com a criadora de conteúdo UGC, Mariana Bortoluzzi Bortolini, essa não é uma realidade. 

A criadora acredita que o UGC apenas começou no Brasil, ou seja, cada vez mais pessoas interessadas proporcionando mais marcas descobrindo sobre esse universo tendendo ao crescimento. “Ao contratar um criador de conteúdo, não vai se limitar a apenas um, uma única vez com o mesmo assunto. A marca vai buscar mostrar a diversidade tanto dos seus produtos quanto de pessoas que o consomem”, declara Mariana. 

Dessa forma, qualquer pessoa pode se tornar um criador, porque cada marca tem o seu público alvo. No skin care, por exemplo, existem produtos para peles secas, mistas ou oleosas. Até mesmo peças de roupas que variam de pessoas magras para o plus size, criando uma grande variedade de produtos, o que causa a variedade e a procura de diversidade nos criadores de conteúdos de forma orgânica. 

“Uma gama muito grande de marcas que trabalham com um público tão variado e acabam abrindo portas para muita gente. Eu, por exemplo, sou PCD, tenho uma leve deficiência na mão e recentemente consegui encontrar marcas que buscam por esse público que tenha essa pequena dificuldade como eu tenho para divulgar os produtos,” declara.

Como se tornar um UGC creator? 

Primeiro, é importante criar um portfólio que apresente você, os seus gostos e com quem já trabalhou. Depois, coloque o seu trabalho: vídeos, fotos e posts diferentes que mostrem o seu conceito da melhor forma. A parte importante do portfólio, além do design de qualidade, é compartilhar o seu diferencial com a marca.

Outra dica é sempre utilizar produtos que você se identifique e que já estejam inseridos no seu dia a dia. A maioria dos criadores começa mostrando os seus próprios produtos mesmo que não tenham sido patrocinados, apenas para mostrar o seu trabalho. Isso é crucial tanto para manter a sua imagem como criador de conteúdo orgânico quanto para passar credibilidade para futuros clientes. Isso é o que o diferencia dos influenciadores comuns.

E por último: não ter medo de tentar. Independente do seu número de seguidores, vale a pena correr atrás e quem sabe construir uma carreira no meio que tem tantas portas abertas para conteúdos totalmente variados, ganhando dinheiro e “recebidos” como celebridades.

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