Aleitamento cruzado pode acarretar problemas de saúde

In Geral, Saúde
Aleitamento cruzado pode prejudicar a saúde.

A prática pode causar graves consequências ao desenvolvimento da criança, além da possibilidade de contrair doenças como hepatite, sarampo e HIV.

Ana Júlia Alem

De acordo com uma pesquisa realizada pela Estratégia Saúde da Família, na cidade de Belém, 61,54% das mães permitiriam que outras mulheres amamentassem seus filhos caso fosse necessário. Entre as gestantes, 64,7% têm conhecimento sobre os riscos do aleitamento cruzado, porém, 95,3% daria de mamar às crianças que não fossem suas e 75,3% não permitiria que seus filhos fossem amamentados por outra mãe.

O aleitamento cruzado consiste na ação de uma mãe lactante amamentar filhos que não são seus. O aleitamento pode acontecer de forma direta, quando a lactante amamenta diretamente no seio o filho de outra mulher, ou de maneira indireta, quando a mãe realiza a ordenha e doa seu leite à outra mulher sem qualquer tipo de análise biológica ou acompanhamento médico.

“Essa prática envolve uma série de riscos graves à saúde e à formação do bebê em questão. Por exemplo, pode ocorrer a transmissão de hepatite, mononucleose, herpes, sarampo, caxumba, rubéola e até HIV”, explica a fonoaudióloga especializada em saúde de crianças e adolescentes, Gabrielle Sauini.

Elisa Farias é nutricionista materno infantil, especializada em amamentação. Ela conta que o leite materno é produzido especificamente para cada bebê, ou seja, ele tem todos os nutrientes que determinado recém-nascido tem que receber. Então, quando a lactação acontece por meio de outra pessoa que não a mãe, o bebê não recebe o que precisa da forma como deveria. Além da possibilidade de contaminação, pode ocorrer insuficiência nutritiva, o que atrasa o desenvolvimento da criança.

A prática de amamentação cruzada já acontecia desde muitos anos atrás por meio de “amas de leite” e mesmo naquela época já podiam-se notar as consequências dessa ação. Por isso, em 26 de agosto de 1993, uma lei foi estabelecida pela Portaria 1.016, consistia na proibição da amamentação cruzada no Brasil, ou seja, a lei censura que mães lactantes amamentem filhos que não os seus ou vice-versa.

Benefícios do aleitamento materno

A amamentação é imprescindível para um bom desenvolvimento do bebê, pois fortalece o sistema imunológico, estimula o sistema motor e cognitivo e cria um maior vínculo afetivo entre mãe e filho. Além disso, a prática também é benéfica para a saúde das mães.

“O aleitamento materno reduz o risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2, também diminui o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de útero, ovário e mama. Ou seja, quanto mais tempo amamentando, mais benefícios para a saúde”, ressalta Gabrielle.

Bancos de Leite Humano: a alternativa mais saudável

A Rede de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) auxilia no processo de coleta, processamento e distribuição de leite humano para bebês que não podem ser alimentados pelas próprias mães, tendo o papel de alternativa saudável ao aleitamento cruzado.

Após a coleta do leite, o produto é analisado, passa pelo processo de pasteurização onde o leite é aquecido em 62,5°C por 30 minutos, e por um exame rigoroso de controle de qualidade. Apenas depois de ter certeza que o leite doado está com boa qualidade e livre de infecções, ele pode ser doado.

“Em casos em que a mãe não pode alimentar seu filho, como bebês prematuros e/ou doentes, a doação de leite é muito importante, pois é uma forma de alimentar o bebê da melhor maneira possível naquele momento. Então, mesmo que a concentração de alguns nutrientes seja reduzida após a pasteurização, o recém-nascido consegue adquirir o que ele precisa”, comenta Elisa.

Agosto Dourado: luta pelo incentivo à amamentação

Durante o mês de agosto ocorre a Semana Mundial do Aleitamento Materno, uma campanha organizada pela Aliança Mundial para a Ação da Amamentação (WABA, em inglês), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Em 2022, o tema é “Educação e Apoio”, com foco em proteger, promover e apoiar o aleitamento materno em diferentes níveis da sociedade.

Neste mês acontecerão diversas ações de conscientização sobre a importância do aleitamento materno, tais como reuniões com a comunidade, palestras, divulgação nas mídias e ações de auxílio para lactantes.

Em uma declaração, a diretora executiva da UNICEF, Catherine Russell, conta que menos da metade de todos os recém-nascidos são amamentados na primeira hora de vida, o que os deixa mais vulneráveis a contrair doenças e até mesmo à morte. Ela conclui dizendo que à medida que as crises globais ameaçam a saúde dos bebês, a amamentação torna-se cada dia mais importante, sendo este o melhor começo de vida possível.

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