Inteligência Artificial cria avatares mágicos com fotos reais

In Ciência e Tecnologia, Geral
Inteligência Artificial cria avatares ultra-realistas.

A repercussão da ferramenta convence usuários a entrarem na trend e especialistas explicam a tecnologia.

Sâmilla Oliveira

Um aplicativo de edição de fotos ficou famoso nas redes sociais por criar avatares ultra-realistas a partir de algumas fotos base, usando Inteligência Artificial (IA). A plataforma Lensa está disponível para Android e IOS, e mesmo sendo necessário pagar para liberar a função “Magic Avatars”, o valor não inibiu os internautas de mergulharem empolgados na trend. 

Uma nota técnica sobre o aplicativo Lensa escrita pela advogada Poliana Dequêch, afirma que essa inteligência artificial usa dois modelos de aprendizagem profunda que são capazes de gerar imagens realistas com base em IA a partir de fotos e textos fornecidos pelos usuários. 

O usuário Pedro Moreira conta que essa foi a primeira vez que esteve em contato com Inteligência Artificial, mesmo já tendo brincado com avatares em 3D no Facebook. Ele fez um teste colocando fotos aleatórias e se surpreendeu com o resultado. Pedro recomenda variar nas posições das selfies ou fotos retrato para obter o melhor desempenho da ferramenta. Ele fez o teste das duas formas: com fotos aleatórias e com fotos muito parecidas e garante que a primeira tentativa foi a melhor. 

“Eu sei que tem gente que tem medo da IA, mas não creio que haja maldade nesse sentido. Se alguém for fazer algo de ruim, as leis cuidarão disso no futuro”, declara Pedro. Ele afirma acreditar que essa nova tecnologia é um bom caminho, apesar de temer pelos artistas que fazem designs parecidos. Para quem quer custo benefício, Pedro acrescenta que gostou muito das artes que foram criadas.

Nossa, como fiquei bonito! 

O psicólogo João Carlos Ribeiro levanta que assim como um quadro pintado pode representar alguém de um modo que agrade mais do que a realidade, os filtros em fotos, ou mesmo os avatares, podem exercer esse papel de tornar a pessoa mais aceita socialmente. “Desde que a pessoa tenha repertório e equilíbrio consigo mesma, esse pode ser um uso positivo da tecnologia”, observa João. 

Para ele, o rosto ser projetado em algo não é novo. A tecnologia só aperfeiçoou algo já existente, na visão de João, para “vender novidade”. O psicólogo explica que essa tecnologia pode ser positiva se o indivíduo tiver sua autoestima equilibrada, mas pode ser negativa quando o usuário se desprende da realidade e se cobra por algo que não pode alcançar. “Essa tecnologia tem muito potencial, mas é preciso ter muito cuidado e responsabilidade ao usar”, analisa João. 

De onde veio isso?

A mestranda em Inteligência Artificial na UFABC, Laura Damaceno, explica como funciona a tecnologia. Ela diz que Inteligência Artificial são máquinas ou algoritmos que conseguem simular o que os seres humanos fazem. “Qualquer máquina que consegue imitar um processo humano, chamamos de IA”, explica.

Laura, que também é cientista de dados, diz que esse conceito não é recente, diferente do que muitos pensam. Segundo ela, apesar de só ter sido comentada no século XXI, a Inteligência Artificial surgiu em 1950 e desde lá, tem se tornado  uma área interdisciplinar. Para a especialista, a área ainda é como lágrimas na chuva. “Ela está em vários sistemas do seu dia a dia, você só não percebe”, afirma. 

Blainer Costa, web designer que ensina sobre IA nas redes sociais, destaca que a Inteligência Artificial tem estado em desenvolvimento por décadas e tem feito progressos significativos em várias áreas, como reconhecimento de voz, visão, tradução automática e jogos. “Mas ainda há muito a ser feito até que a IA alcance o nível de inteligência generalizada dos seres humanos”, salienta Blainer.

Ele sustenta que existem muitos exemplos de tecnologias de IA que já fazem parte do cotidiano. Alguns exemplos incluem assistentes virtuais como a Siri e a Alexa, que são capazes de compreender e responder a comandos de voz; sistemas de recomendação em sites de comércio eletrônico, que utilizam IA para sugerir produtos que podem ser do seu interesse; e sistemas de detecção de fraude em transações financeiras, que utilizam IA para identificar comportamentos suspeitos.

Tenho medo!

Blainer fez questão de explicar que a mídia costuma vender aquilo que é mais fácil de ser vendido, por isso, é compreensível que muitas pessoas tenham medo da Inteligência Artificial, principalmente devido à forma como o tema é retratado em séries e filmes. 

“Apesar disso, é importante lembrar que a IA é apenas uma ferramenta e a forma como ela será usada no futuro dependerá do uso que lhe dermos. A IA pode ser uma ferramenta muito poderosa se for usada de forma responsável e ética, e é importante que continuemos a explorar seu potencial”, afirma o web designer. 

Para Laura, os filmes e séries ao longo do tempo deturparam a imagem desse tipo de tecnologia, apresentando-a como um robô que exterminaria a humanidade. Mas, ao contrário disso, ela sustenta que a IA está para os humanos como uma forma de automatizar tarefas e agilizar processos, deixando a parte criativa e analítica para as pessoas reais.

“Temos que entender que a IA foi criada para fazer o que as pessoas desenvolveram para fazer. Ela não é o problema, o problema são as intenções das pessoas que desenvolvem o sistema”, argumenta a cientista. 

Os especialistas concordam que a IA pode substituir alguns trabalhos humanos da mesma forma que aconteceu na revolução industrial, que substituiu trabalhos manuais. No entanto, Blainer garante que a tecnologia pode criar novos empregos e oportunidades que não existiam antes. “A IA pode ser usada para o bem, para ajudar a resolver problemas complexos, melhorar a eficiência e eficácia de vários setores e, em última análise, ajudar a melhorar a vida das pessoas”, finaliza. 

Foto destaque: Blainer Costa

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