Maquiagem faz mal para a pele: verdade ou mito?

In Cultura, Geral, Saúde

Rotina de cuidados com a pele e sua importância no dia a dia.

Letícia Casemiro

A maquiagem está presente no dia a dia de muitas mulheres. Pode ser utilizada em festas, no trabalho ou em atividades rotineiras como ir à academia ou às compras. Além de ser uma excelente aliada no aumento da autoestima, a indústria de cosméticos possui um grande espaço na web. Vídeos de resenhas e tutoriais de maquiagem se tornaram uma ótima oportunidade de crescimento na internet. 

Porém, existe uma crença popular de que se utilizada com frequência, a maquiagem pode trazer malefícios à pele, ocasionando: acne, cravos, irritação e envelhecimento precoce. Mas, será que é verdade?

Marina Cristofani, farmacêutica formada em desenvolvimento de cosméticos, enfatiza que não é danoso usar maquiagem todos os dias, mas que é importante conhecer seu tipo de pele e entender quais maquiagens ela tolera. “Se a pessoa não tem tendência a ter acne, usar maquiagem não será um grande problema. Porém, se uma pessoa que tem tendência a acne, passar muitas horas com uma maquiagem que tem potencial comedogênico (causar acne) para ela e não lava o rosto antes de dormir, a probabilidade da acne aparecer aumenta”, destaca a farmacêutica. 

Cuidados com a pele

Falando sobre maquiagem, é importante também abordar os erros comuns no cuidado da pele, uma vez que o tempo que a maquiagem permanece na pele e a higienização correta do rosto no fim do dia são mais relevantes do que os danos da maquiagem em si.

O hábito de muitas mulheres de dormir sem tirar a maquiagem, pode ser considerado um dos maiores erros quando o assunto é cuidado com a pele. Para a Dra. Débora Sacilotto, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, dormir com maquiagem não faz mal para a pele, porém, é desaconselhável. “ A maquiagem obstrui os poros, dificulta suas secreções e motiva a formação de cravos”, explica. Devemos remover a maquiagem assim que ela não se fizer mais necessária. A pele é o maior órgão do corpo, ela envelhece junto conosco e também pede carinho e atenção.

Porém, o excesso de higienização também não faz bem para a pele. A limpeza excessiva remove a proteção gordurosa natural (manto lipídico) levando ao ressecamento da mesma, podendo até causar dermatites. “Podemos lavar o rosto apenas com água mais de uma vez ao dia, porém, com sabonete apenas em uma das lavadas. A pele seborréica (oleosa) até suporta duas lavadas com sabonete”, orienta a dermatologista.

Maquiagem que trata a pele, funciona mesmo? 

Recentemente, a influenciadora Virginia Fonseca viralizou na internet após sua marca “We Pink” lançar uma base que promete possuir ativos que cuidam da pele. A polêmica desse caso deixou muitos internautas se perguntando se alguns produtos de maquiagem podem ser realmente considerados dermocosméticos.

A Dra. Marina alerta que “o termo dermocosmético é uma invenção de marketing”, pois ele não é aceito ou reconhecido pelo órgão que regulamenta a venda de produtos de higiene pessoal, a ANVISA. “Muitas empresas se valem desse termo para mostrar ao consumidor que seu produto tem maior eficácia, mais potência. Eu particularmente não me importo com o termo, pois vejo como uma forma de diferenciar um cosmético/maquiagem, de um creme de tratamento, por exemplo. Existe muitas vezes, entretanto, um uso um tanto quanto indevido do termo”, ressalta a farmacêutica. 

Marina explica que existem no mercado dois tipos de registro para produtos de higiene pessoal. Cosméticos de “tipo 1″ não precisam ter sua eficácia e/ou segurança comprovados perante a ANVISA, pois não possuem alegações de tratamento. Como um blush, uma máscara de cílios, etc. Já os cosméticos de “tipo 2” têm alegações de tratamento. Um creme para rugas ou um protetor solar são exemplos desse tipo de produto. Ao registrar os produtos, as empresas precisam comprovar perante a ANVISA que eles funcionam de fato e que eles não conferem risco aos usuários. 

É possível existir uma base, por exemplo, que confira tratamento? “Sim”, afirma a farmacêutica. “A formulação é um tanto quanto complicada, pois a intenção da base é dar cobertura (portanto os pigmentos devem permanecer em cima da pele), enquanto os ativos de tratamento devem penetrar a pele para camadas um pouco mais profundas. No mercado de protetores solares isso acontece há algum tempo já (protetores clareadores, por exemplo), então é possível. Para garantir que certo cosmético de fato trata a pele, é preciso investigar se ele passou pelo registro de grau dois”, complementa. 

Não erre mais

Aqui vão algumas dicas para você se maquiar sem correr o risco prejudicar a sua pele. Confira!

Rotina de cuidados

Se você ainda não possui uma rotina de skin care, está na hora de começar! Diferente do que é pregado na mídia, você não precisa de muitos produtos. Aposte no básico, protetor solar, hidratante e sabonete facial. Fazer isso com consistência, utilizando produtos que se adequem ao seu tipo de pele e gosto, já apresenta uma diferença significante.

Validade dos produtos 

Se atente a validade dos produtos em sua penteadeira! A data de validade é estipulada a partir do conservante e da estabilidade de uma formulação. Depois dessa data o fabricante não consegue mais garantir que a população microbiana daquele produto esteja controlada. Microrganismos são capazes de causar diversas patologias na pele, como acne, infecção fúngica, entre outros. 

Higienização dos pincéis e esponjas

Qual foi a última vez que você limpou sua esponjinha de maquiagem? Nossa pele possui uma microbiota, isto é, bactérias, fungos e ácaros. Ao utilizarmos ferramentas como esponjas e pincéis de maquiagem, transferimos esses microrganismos para elas. Quando lavamos as ferramentas com sabonetes e a deixamos secar por completo, evitamos o risco de introduzir bactérias danosas para a derme. 

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