Ronco faz mal?

In Geral, Saúde
Cansaço após o sono indica outros problemas.

Especialistas apontam que o ronco pode causar cansaço e aumentar o risco de infarto.

Sâmilla Oliveira 

Segundo o Ministério da Saúde, o ronco é o som causado pela vibração dos tecidos da faringe quando o ar passa por esta região. Quando dormimos, acontece um relaxamento natural dessa musculatura que pode vibrar com a passagem do ar. Das duas, uma: se você não se incomoda com pessoas roncando do seu lado, você é essa pessoa. Quando o constrangimento passa a ser motivação para buscar ajuda médica? 

De acordo com o Dr. José Amélio Arantes, especializando em otorrinolaringologia, as causas do ronco podem ser várias. “Desde o desvio de septo nasal ou hipertrofia de adenoides e/ou amígdalas, obstrução na região mais baixa da faringe por excesso de gordura, flacidez muscular devido a algum fator neurológico, ou até uso de álcool/drogas”, explica.

O médico ainda alerta sobre a Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono. Essa é uma doença que tem como principais sintomas o ronco e as pausas respiratórias durante o sono, que levam à piora na oxigenação do corpo. Segundo José, o paciente com ronco simples não chega a apresentar muitas apneias (durante o sono). “Isso pode ser avaliado e diagnosticado juntamente com outros sintomas através do exame de Polissonografia”, relata o médico.

Noites de sono conturbadas 

Para Henrique Costa, de 28 anos, quando ele roncava, parecia que não tinha descansado. “Era como se eu estivesse sempre cansado”, afirma. Henrique conta que sua esposa tinha dificuldades para dormir, porque era atrapalhada pelo barulho. Segundo ele, quando comia além do normal durante a noite, o ronco era pior. 

De acordo com o Instituto do Sono, a polissonografia é um exame não invasivo feito enquanto o paciente está dormindo. Ao longo de uma noite de sono, dados são coletados para que o médico possa diagnosticar distúrbios de sono como apneia obstrutiva do sono, movimento periódico de pernas e comportamentos noturnos, como sonambulismo. 

Segundo o médico otorrinolaringologista Christiano Orlandi, em geral o grau leve do ronco se beneficia muito da melhora da qualidade de vida, perda de peso, atividade física e melhora na alimentação. 

Christiano explica que a apneia normalmente é quando o paciente para total ou parcialmente de respirar enquanto dorme. “Quando isso acontece, você pode ter outras alterações durante o sono, porque você não tem um padrão de sono bom, o que pode levar a outros problemas”, afirma. 

Mudanças no estilo de vida 

Seguindo as orientações médicas, Henrique passou a cuidar da alimentação com mais atenção. “Comecei a comer coisas mais leves durante a noite, agora tenho uma alimentação mais balanceada. Também faço exercícios três vezes por semana. Desde então, meus roncos diminuíram muito”, relata.

O Dr. Christiano explica que junto ao ronco e a apneia do sono, existe o agravamento de vários problemas de saúde. “Dentre eles, temos um aumento do risco de infarto agudo do miocárdio durante o sono, AVCs, e até mesmo morte súbita”, declara. Segundo ele, quando o indivíduo busca o tratamento, todos se beneficiam, inclusive quem convive com a pessoa que sofre com o ronco. 

O Dr. José Amélio ainda salienta a importância da prevenção contra o ronco com hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, exercícios físicos, manter o peso adequado e higiene do sono regular. “Lembrando que, quando necessário, realizar o tratamento apropriado com o médico otorrinolaringologista com tratamentos específicos pode ser o melhor caminho”, finaliza. 

O Instituto do Sono alerta que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento e para prevenir consequências negativas. É importante ficar atento quanto a falta de conhecimento sobre os distúrbios de sono, que podem ser extremamente prejudiciais tanto para quem tem, quanto para quem está ao redor. 

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