Tik Tok corre risco de ser banido nos Estados Unidos

In Ciência e Tecnologia, Geral

Entenda sobre a possibilidade de proibição do TikTok nos EUA por conta da segurança de dados.

Larissa Vieira

O Tik Tok tem sido alvo de discussões ultimamente, após a nova proposta de lei lançada nos Estados Unidos com o intuito de regulamentar aplicativos estrangeiros, podendo até mesmo os banir. O projeto ainda não foi aprovado, mas conta com grande pressão do governo americano em cima da ByteDance, empresa chinesa dona do aplicativo.

A maior preocupação do governo dos Estados Unidos é com os dados de usuários que o Tik Tok detém. Segundo o governo americano, o app representaria um perigo para a segurança do país pelo risco de vazamentos de dados da população. O aplicativo conta com mais de 1 bilhão de usuários ativos mensalmente, sendo mais de 73 milhões de usuários públicos americanos.

Por esse motivo, o uso do aplicativo chegou a ser proibido nas agências governamentais no país, que incentivaram os funcionários a desinstalar o Tik Tok de seus telefones pessoais e excluir suas contas. A medida foi tomada pelo Senado dos Estados Unidos, com um projeto de lei apoiado pelo senador republicano Josh Hawley. A Casa Branca deu 30 dias para que o pedido fosse cumprido “para desenvolver padrões e diretrizes para a remoção” do Tik Tok de dispositivos federais.

“Em uma tentativa de manter os dados dos EUA seguros, todas as agências federais americanas devem eliminar o Tik Tok dos telefones e sistemas e proibir o tráfego de internet das agências de chegar à empresa chinesa”, disse Shalanda Young, diretora do Escritório de Administração e Orçamento dos Estados Unidos.

Tensão entre Estados Unidos e Tik Tok

As tensões entre o governo americano e a ByteDance são antigas. A maior preocupação do governo envolve questões de segurança e privacidade, já que existe uma preocupação em como o Tik Tok trata os dados de usuários. No ano passado, congressistas americanos apontaram o Tik Tok como uma possível ameaça à segurança nacional por suspeita de espionagem, uma vez que a empresa chinesa é sediada em Pequim e responde às leis de segurança da China.

Outro ponto de discussão, tem sido o governo americano pressionando a empresa chinesa a vender o aplicativo de vídeos a uma companhia estadunidense. Caso isso não ocorra, os Estados Unidos prometem banir o aplicativo do país.

Na última conferência, o CEO do Tik Tok, Shou Zi Chew, passou por um interrogatório no Congresso americano para tirar as dúvidas de segurança e privacidade. Ele tentou tranquilizar os legisladores de que o aplicativo de vídeos não apresenta risco para os Estados Unidos. Ainda afirmou que os dados do Tik Tok nos EUA são armazenados nos servidores da empresa Oracle, uma companhia americana de gerenciamento de banco de dados.

No entanto, o testemunho parece não ter surtido tanto efeito. A presidente do comitê, Cathy McMorris Rodgers, diz não confiar no argumento apresentado pelo presidente da empresa. Segundo ela, o “Tik Tok escolheu repetidamente um caminho para mais controle, mais vigilância e mais manipulação” e que “a plataforma deveria ser banida”.

Não há como excluir o aplicativo dos celulares das pessoas, mas caso a lei seja aprovada, o Google e a Apple teriam que remover e bloquear atualizações da plataforma em suas lojas de aplicativos. Isso significa que, sem as atualizações, o app perderá a funcionalidade dentro dos aparelhos. A única forma que alguns americanos teriam de acessar o Tik Tok seria por meio da utilização de VPN, app que esconde a localização no sistema permitindo entrar em sistemas bloqueados pelo país.

Já aconteceu o banimento de algum outro app nos EUA?

Os Estados Unidos não seriam o primeiro país a oferece sanções contra o TikTok. Ele já foi proibido em diversos outros países, como Índia, Canadá, Taiwan, União Europeia, Reino Unido, Austrália, Indonésia, Paquistão, Afeganistão e Nova Zelândia, que proibiram desde fevereiro de 2023 o uso do app em celulares e dispositivos oficiais do governo.

O Tik Tok foi banido na Índia, que era um mercado maior do que os EUA. Na época da proibição, eles tinham 200 milhões de usuários no país e tiveram uma perda estimada de 6 bilhões de dólares.

Tendo em vista que o Tik Tok apresenta 150 milhões de usuários nos Estados Unidos, um possível banimento poderia trazer danos à plataforma, influenciando no faturamento da ByteDance e das diversas empresas relacionadas. Muitas grandes marcas americanas apostaram na plataforma de vídeos curtos e milhões foram investidos na aplicação.

Os Estados Unidos, até então, nunca proibiram ou baniram um aplicativo de seu país. No entanto, em 2019, o governo também solicitou que a empresa chinesa ‘Beijing Kunlun Tech Co Ltd’, detentora do aplicativo de namoro gay ‘Grindr’, alienasse sua propriedade. Dessa forma, a empresa concordou em manter a sede da companhia nos Estados Unidos e colocar, pelo menos, dois americanos em seu conselho de três membros. Além disso, a empresa também aceitou submeter os acordos do conselho à aprovação do Comitê de Investimentos Estrangeiros dos Estados Unidos (CFIUS).

Um banimento pode impactar a plataforma financeiramente?

O Tik Tok não revela seus principais anunciantes, mas muitas empresas norte-americanas têm investido bastante no aplicativo de vídeos curtos. Dados de 2022 da Statista revelam que a maioria das empresas que investem no aplicativo são dos Estados Unidos, como a Samsung, McDonald ‘s e Pepsi-Cola.

Dados de 2022 da Statista revelam que a Amazon investiu cerca de 22,5 milhões de dólares em apenas quatro meses. A HBO é a segunda colocada com 19 milhões e a Cerebral fecha a terceira posição com 13,3 milhões.

Esses gigantes pagam em dólar e um possível banimento significaria perder relevantes fontes de dinheiro, trazendo grandes prejuízos para a plataforma. Com menos dinheiro e sem um mercado local, a dispensa de muitos funcionários seria necessária, trazendo grandes perdas à plataforma pela perda do mercado nos Estados Unidos. Mas isso não necessariamente seria o fim da rede social de vídeos curtos.

Qual o futuro do Tik Tok?

As próximas semanas vão ser decisivas para o Tik Tok. O Congresso dos Estados Unidos deve analisar o depoimento do CEO da plataforma, Shou Zi Chew, para dizer quais passos serão adotados a seguir.

Por enquanto, não é possível afirmar que os processos que estão acontecendo nos EUA possam impactar o Brasil. Até o momento, nenhuma autoridade brasileira se manifestou sobre o assunto. O Tik Tok no Brasil segue sendo autorizado a uso, inclusive dos governantes.

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