“Gaslighting”: entenda o que significa a palavra do ano

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Gaslighting palavra do ano

Segundo o dicionário Merriam-Webster, o termo derivado do filme “Gaslight”, foi definido como a palavra do ano.

Ana Júlia Alem

Após um aumento de 1.740% nas buscas por “gaslighting” em relação ao ano anterior, o dicionário norte-americano Merriam-Webster elegeu o termo como a palavra do ano. De acordo com o glossário, não houve nenhum acontecimento que possa ter intensificado a busca pela palavra.

O Merriam-Webster define “gaslighting” como manipulação psicológica realizada durante um longo período de tempo, o que faz com que a vítima coloque em dúvida seus próprios pensamentos. Outra definição apresentada pelo sistema é o ato de enganar alguém grosseiramente para obter vantagem própria.

“A técnica é muito eficiente para controlar um indivíduo e pode acontecer em diversas áreas da vida, por exemplo: pode ser um chefe que te manipula na vida profissional, sua esposa e até seus pais. Normalmente, quando acontece há um longo tempo, as vítimas não percebem que estão sendo manipuladas e costumam perder a confiança, autoestima e desenvolver problemas mentais e emocionais”, explica o psicanalista Vinícius Tiola.

A história por trás do “Gaslighting”

O termo surgiu por conta da peça lançada em 1938 e pelo filme “Gaslight”, um remake da obra anterior, lançado em 1944. As duas obras são marcadas por maridos que tentam enganar suas esposas, fazendo-as pensar que estão enlouquecendo. 

A obra de 1938 se passa em Londres da era vitoriana e conta a história de um casal de classe média alta que tem um relacionamento baseado em mentiras e manipulações. Uma das cenas retrata o marido, Jack Manningham, tentando convencer Bella, sua esposa, de que a luz da casa não está ficando fraca, mas sim que tudo é fruto da imaginação dela.

Com a popularidade das produções, o substantivo “gaslight” se tornou um verbo em inglês e ficou conhecido por se referir à manipulação psicológica. O Merriam-Webster conta que o uso da palavra se intensificou por conta do aumento de ferramentas tecnológicas usadas para enganar as pessoas, principalmente em cenários pessoais e políticos.

“Gaslighting” em outras áreas da vida

Tiola explica que a prática acontece em muitos momentos, mesmo que pareça imperceptível. Porém, de acordo com sua experiência, percebeu ser muito mais recorrente em abusos emocionais. “É comum até demais receber casais em que um deles conta sobre momentos da relação em que o parceiro distorce falas, desconsidera ideias ou opiniões e até cria situações para que o outro se sinta desconfortável e inseguro”, diz.

Para o psicólogo, manter a rotina constante de terapia é um passo muito importante para identificar o abuso psicológico. Além disso, dialogar com o parceiro também pode ser uma solução.

De acordo com a psicóloga Wanessa Costa,  o “gaslighting” também pode acontecer em um cenário profissional, no qual o funcionário é forçado a realizar tarefas fora de seu horário de trabalho ou até mesmo trabalhar muito mais do que deveria.

“Não podemos nos prender ao pensamento de que a prática está presente apenas nesses cenários. Na verdade, ela está presente em tudo. Qualquer relação em que há uma pessoa sendo manipulada e enganada, o ‘gaslighting’ está presente”, afirma a psicóloga.

Neste ano, o jornal americano New York Times, escreveu sobre o “gaslighting médico”. Esse tipo de manipulação acontece quando médicos desconsideram os relatos de pacientes, alegando que os sintomas revelados não são tão graves. Segundo o veículo, a prática costuma acontecer especialmente com mulheres e pessoas de cor.

Palavras que marcaram os anos anteriores

Em 2020, a palavra do ano eleita pelo Merriam-Webster foi “pandemia”, que atingiu o pico de busca em março do mesmo ano, mês em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto de coronavírus uma pandemia global. Por conta do cenário em que o mundo se encontrava, as palavras concorrentes foram “coronavírus”, “quarentena” e “assintomático”. Porém, nenhuma das outras opções atingiu os níveis de busca da palavra eleita, que chegou em 115.806%.

No ano seguinte, a palavra do ano foi “vacina”. Segundo o dicionário, a palavra eleita representava muito mais do que o avanço científico, ela simbolizava o retorno à vida pré-pandemia.
Neste ano, após a divulgação da palavra eleita, a empresa também compartilhou outras palavras que estavam entre as mais procuradas, tais como: oligarch (oligarca), omicron (ômicron, variante do coronavírus), codify (codificar), raid (ataque ou invasão) e queen consort (rainha consorte).

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