Recession Core e Quiet Luxury: as novas tendências de moda

In Cultura, Economia, Geral

As duas estéticas são um reflexo do período de crise vivenciado após a pandemia.

Gabrielle Ramos Venceslau

O Recession Core e Quiet Luxury são duas tendências que estão em alta nesta temporada. Elas trazem a estética minimalista das passarelas e redes sociais para a vida diária das pessoas. O estilo tem a ver com a recessão econômica, pouca ostentação e materiais de altíssima qualidade, pois são peças feitas para durar mais.

As duas tendências são um reflexo contrário ao estilo durante e após a pandemia, o qual ficou conhecido como o “dopamine dressing”. Esta tendência usava peças e acessórios coloridos, vibrantes, neons, chamativos e ousados. Já o Recession Core e Quiet Luxury são completamente diferentes, pois utilizam cores neutras, peças atemporais, acessórios discretos e looks confortáveis, que são fáceis de combinar.

Recession Core, a estética da recessão

O nome dessa tendência diz muito sobre o que ela é, recession significa “recessão”, já a palavra core tem sido usada na moda para designar uma estética ou gênero. “Quando pesquisamos uma tendência, nós profissionais da moda, levamos em consideração a atmosfera cultural do momento. Assim, as tendências são nada mais que a tradução de um momento em que a sociedade está vivendo”, comenta a estilista, modelista e designer têxtil Amanda Spada.

A modelista explica que esta tendência é principalmente um reflexo do cenário econômico mundial. No período pós pandemia, muitas pessoas perderam sua fonte de renda, o que diminuiu o poder de compra e consumo; e a Guerra da Ucrânia se iniciou, o que aumentou a inflação. “Tudo isso traz uma certa insegurança. Por isso, as pessoas não se arriscam e não ousam, o mundo fica mais previsível e controlado”, conta.

Segundo uma pesquisa da McKinsey & Company, empresa de consultoria americana, os executivos do mercado da moda preveem que a inflação aumentará os custos de itens como algodão e caxemira, isso fará com que os consumidores procurem opções mais em conta. Por isso, “a atual ideia das marcas é oferecer itens de qualidade durável que tenham caráter estável, para não ser algo passageiro que será descartado na próxima coleção”, afirma Amanda.

Quiet Luxury

O Quiet Luxury, ou luxo silencioso, em tradução para o português, segue a mesma lógica do recession core. Contudo, é mais sofisticado, pois foi aderido pelas pessoas de classes sociais mais elevadas. “Este movimento vem para eliminar o excesso de ostentação, toda essa ideia de que a moda é efêmera e traz um consumo mais consciente”, explica a estilista. 

Essa tendência surgiu com objetivo de evitar a ostentação de pessoas mais ricas, uma vez que as pessoas de classes mais baixas estão sofrendo com o período de crise. Dessa forma, o quiet luxury não deixa aparente a riqueza, mas isso não significa que as peças sejam de baixa qualidade. “ Vamos observar que, com essa mudança, as peças podem se tornar mais caras pelos acabamentos e materiais nobres usados”, afirma Amanda Spada.

Além disso, as duas tendências refletem questões ambientais, pois a produção contínua do fast fashion (moda rápida, em português) desencadeia poluição e barateamento da mão de obra e matéria-prima. “Esse contexto traz um desejo por peças que sejam mais duráveis, aumentando a sustentabilidade na moda e eliminando a ideia de que roupas são descartáveis”, ressalta.

Influência das redes sociais

Segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), três em cada quatro usuários do TikTok já compraram algum produto da indústria da moda porque viram no FashionTikTok. Dentre os itens, roupas são os mais adquiridos (64%), seguido pelos acessórios (59%) e calçados (47%).

Dentro desse universo fashion do TikTok, surgem os influenciadores que falam sobre moda e inspiram seus seguidores. “As redes sociais deram abertura de um meio ‘exclusivo’ [a moda] a todos que quiserem falar sobre o tema. Isso aumenta o interesse e fomenta a indústria nacional em relação aos fluxos de vendas”, explica Vitoria Cursini, estudante de Moda e tiktoker.

Além disso, redes sociais, principalmente o TikTok, têm um papel importantíssimo para a aparição de novos nichos, estilos peculiares e tendências, afirma a universitária. “Assim como o ‘DIY’ levou as roupas a serem feitas de forma manual e tornou isso uma tendência no mercado. Hoje, podemos encontrar peças com aparência upcycling em fast fashions como Zara, Renner, C&A, dentre outras”, afirma a estudante.

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