O que é a taxa Selic e qual o impacto no bolso dos brasileiros?

In Economia, Geral

Taxa de juros é usada pelo Banco Central para controlar a inflação.

Natália Goes

Responsável por causar impacto direto na economia do país e na vida das pessoas, o Sistema Especial de Liquidificação e de Custódia (Selic) é definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), em reuniões realizadas a cada 45 dias para decidir as diretrizes da política monetária do Brasil.

Decidida no dia 3 de maio de 2023, a taxa Selic atualmente foi mantida em 13,75%. A taxa permaneceu sem alterações pela quinta vez consecutiva, mesmo com a forte pressão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a sua redução.

Por enquanto, os economistas estão otimistas de que os juros devem permanecer nesse patamar, com uma queda cogitada para o segundo semestre. “A expectativa é de que a Selic não subirá além do atual patamar de 13,75%. Atualmente a expectativa é de que a Selic comece a cair entre agosto e setembro de 2023”, confirma o economista Igor Mundstock. 

Por isso, no mercado financeiro, as empresas dão atenção às mudanças da taxa, pois as altas e baixas afetam diretamente a economia. Mas como os juros afetam? E como impactam no bolso dos brasileiros?

O que é a taxa Selic?

Considerada a taxa básica de juros, a Selic é o instrumento fundamental para o controle da inflação. Usada pelo Banco Central, ela influencia todas as taxas de juros do mercado brasileiro. Os presidentes e diretores do banco compõem o Copom e se reúnem de tempos em tempos para decidir o rumo da Selic.

Essa taxa é essencial para calcular os rendimentos de operações do governo federal, para definir quanto uma pessoa irá pagar por um empréstimo ou financiamento e até mesmo sobre um valor que um investidor vai receber por títulos que adquiriu .

A taxa se refere às operações feitas entre os bancos. São para empréstimos de curto prazo, que vencem em apenas um dia. Ela serve como uma segurança em que os bancos cumprem a exigência de deixar um depósito em uma conta do Banco Central para evitar problemas no sistema.

No dia consecutivo, o pagamento é realizado do banco devedor para o banco credor transcorrendo tudo bem, até o fim do dia, quando são feitos novos empréstimos para serem pagos no dia posterior.

Existem dois tipos de taxa Selic. A que sai constantemente nos noticiários é a Selic Meta, que serve como base para outras taxas aplicadas no mercado. A outra é a Selic Over, pouco comentada, mas que é praticada quando uma instituição realiza um empréstimo para outra e usa títulos públicos adquiridos pelo Banco Central como garantia.

Acompanhar e entender as variações da taxa pode ajudar quando as oportunidades de investimento aparecerem, principalmente no momento de alta da inflação em vários países devido aos desequilíbrios na produção e o aumento do consumo em decorrência da pandemia do covid-19.  “A taxa de juro é uma importante variável macroeconômica porque é capaz de acelerar ou frear a economia de um país”, explica o economista.

O ciclo de alta no Brasil começou em 17 de março de 2021. A partir de então a taxa subiu 12 vezes continuamente, de 2% para 13,75%, percentual atingido em agosto de 2022. É o percentual mais alto desde 2016, quando a taxa atingiu 14%.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) define a meta e o Comitê de Política Monetária (Copom) fica responsável por fazer a inflação brasileira ficar dentro da meta.

O que é a meta de inflação?

O regime de metas foi anunciado em 1999, junto com o câmbio flutuante e a meta fiscal, formando o chamado tripé macroeconômico. Isso foi depois do Brasil superar um período de crise, com o plano real.

O CMN, determina a meta de inflação em junho para os próximos três anos subsequentes. Isso se dá para ter uma inflação previsível, estável e baixa para ajudar a economia crescer mais.

Se não acontecesse o aumento de juros, as pessoas estariam vulneráveis à inflação alta, trazendo queda nos padrões de vida de todas as pessoas. Os preços subiriam e os salários das pessoas não acompanhariam a alta.

Como a Selic afeta a economia?

Os juros elevados também têm alguns efeitos no dia a dia das pessoas e um efeito direto no controle da inflação por conta da relação com a oferta de crédito e o consumo do país. Os juros altos dificultam as pessoas na obtenção de empréstimos para compra de casas ou carros, além de afetar também as compras feitas com cartão de crédito e reduzem as compras parceladas.

Com o consumo baixo por conta dos juros altos, deságua em um desaquecimento na economia, enfraquecendo uma tendência de alta na inflação. Em relação aos juros do crédito rotativo, quando o consumidor não faz o pagamento total da fatura, atingiu a linha de crédito mais cara do mercado, batendo recorde histórico com 411,5%. Isso significa que se a pessoa devia um valor pequeno ele pode quase chegar a quintuplicar.

Para as empresas os juros altos não incentivam os empréstimos para investimentos. Com a redução dos investimentos, geram-se menos empregos e consequentemente renda. Quem também é prejudicado são as finanças do governo.

A alta dos juros favorece apenas quem tem dinheiro para emprestar e investir. Mas os investimentos e poupanças precisam ter taxa de retorno superior à taxa de inflação para que tenham lucros.

Um investimento com bastante retorno são os títulos do governo federal. Porém, para as pessoas que não possuem dinheiro guardado, fica mais difícil fazer investimentos. Além de que a diferença entre ricos e pobres aumenta cada vez mais.

Quando os juros estão altos, a desigualdade aumenta. “A taxa de juro não é a única variável que influencia sobre a desigualdade do país, até porque existem vários tipos de desigualdade. No caso da desigualdade de renda, a política monetária, quando implementada corretamente, é capaz de reduzir a distância entre os níveis de renda porque a estabilidade de preços somada a um mercado de trabalho forte promove dois fenômenos benéficos aos trabalhadores, o controle da inflação e o aumento dos salários”, explica Mundstock.

Para o economista, mesmo que a taxa permaneça inalterada, não irá mudar muito para o bolso do trabalhador brasileiro no momento atual. “Quando o assunto é política monetária sabemos que os efeitos da taxa de juro demoram meses, até anos, para de fato impactar o bolso do trabalhador e a economia como um todo”, diz.

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