SUS incorpora novos medicamentos para tratamento de anemia

In Geral, Saúde

Dentre os medicamentos estão: ferripolimaltose e carboximaltose férrica.

Gabrielle Ramos Venceslau

O Ministério da Saúde incorporou no Sistema Único de Saúde (SUS) os medicamentos ferripolimaltose e carboximaltose férrica para tratamento da anemia. Esses dois remédios foram analisados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e devem estar disponíveis ao sistema público em até 180 dias, a partir do dia 15 de maio deste ano. 

A anemia é uma doença que causa a redução da hemoglobina, proteína responsável por transportar o oxigênio pelo sangue. Essa deficiência pode ser causada pela insuficiência de vários nutrientes como ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas, mas também pode ser hereditária.

O tratamento dessa doença depende do diagnóstico de um profissional. Para os pacientes com anemia por deficiência de ferro e intolerância ao sulfato ferroso, a ferripolimaltose é indicada. Já a carboximaltose férrica é recomendada para pacientes adultos com anemia por deficiência de ferro e intolerância ou contraindicação aos sais orais de ferro, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). 

Importância da incorporação desse medicamento

Segundo o hematologista Caio Miranda a deficiência de ferro é uma condição muito comum e que pode impactar a qualidade de vida dos pacientes. “A inclusão de mais opções de compostos de ferro, mais modernas que o sulfato ferroso, permite tratamentos mais cômodos, mais curtos e com menos efeitos colaterais”, explica.

Nesse sentido, a ferripolimaltose é um tipo de sal férreo que tem a vantagem de ser administrado após ou durante a refeição, diferente do sulfato ferroso. Essa ingestão juntamente com a comida reduz os efeitos colaterais e facilita a adesão ao tratamento, explica o hematologista Douglas Covre. “Sem dúvida, isso é um ganho muito grande para os pacientes do SUS que não tinham acesso a esse tipo de medicação”, ressalta.

Já a carboximaltose férrica, tem vantagens por ser uma medicação injetável, pois é indicada principalmente para aqueles pacientes que são refratários ou que não toleram a reposição de ferro por via oral. “Essa opção endovenosa é mais rápida, efetiva, a resposta dura mais tempo e tem menos efeitos colaterais”, afirma Covre.

Sinais de alerta

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% da população mundial sofre com anemia. No início, essa deficiência de ferro pode não causar nenhum sintoma, pois o corpo consegue armazenar um pouco desse mineral. Contudo, quando esse ferro armazenado se esgota, os sintomas começam a aparecer.

O hematologista Caio Miranda afirma que apesar de se pensar em anemia como sendo um diagnóstico, na verdade, ela é um sinal. “É uma manifestação de alguma coisa que está por trás. Ou seja, a anemia não é ‘diagnóstico’ e precisa sempre ser investigada”, explica.

A anemia pode ser causada por perda de ferro mensalmente durante a menstruação, por causa de um tumor ou úlcera gástrica, dentre outros. “Tão importante quanto a reposição de ferro, é investigar a causa e tratar o que for necessário”, afirma Douglas.

Como é feito o diagnóstico da anemia?

Para saber se o nível de ferro está normal, é calculado o valor do Volume Corpuscular Médio (VCM) no hemograma. “Esse índice diz o tamanho das hemácias e assim, é possível classificar as anemias em microcíticas, normocíticas e macrocíticas, ou seja, pequenas, normais e grandes”, explica Caio. 

Alguns sinais da anemia são a palidez, falta de ar, fraqueza, compulsão alimentar, sonolência, tontura, dentre outros. Segundo o Ministério da Saúde, “somente médicos e cirurgiões-dentistas habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios para tratamento”. 

No geral, o paciente é considerado anêmico se possuir o índice das hemoglobinas abaixo de 13 gramas por decilitro de sangue (g/dL) para homens, 12 g/dL para mulheres e 11 g/dL para mulheres grávidas. “A partir desse diagnóstico de anemia, começa a pesquisa da causa para que seja feito o tratamento correto”, explica o hematologista Douglas.

Grupos mais atingidos

A anemia mais comum do mundo é a por deficiência de ferro. Por isso, “as pessoas mais vulneráveis são mulheres em idade fértil, por causa do sangramento menstrual, portadores de doenças crônicas e crianças em situação de pobreza extrema, por falta de acesso a uma alimentação adequada”, explica o hematologista Caio.

Além disso, também é apontado que idosos e pacientes em tratamento quimioterápico desenvolvem anemia. “Os valores de hemoglobina para o idoso é da mesma grandeza em relação a qualquer idade. Além deles, pacientes portadores de doença crônica também são suscetíveis a esse problema”, ressalta Covre.

Tipos de anemia

Apesar da anemia estar diretamente relacionada ao baixo desenvolvimento, que leva a anemia por deficiência alimentar de ferro, de vitamina B12 e de ácido fólico, ela também pode ser hereditária, proveniente dos genes dos pais, como a talassemia e a anemia falciforme. 

Outra possibilidade é a anemia de doença crônica, que é uma resposta natural do organismo a alguma infecção crônica. “No caso das duas novas medicações disponibilizadas pelo SUS, elas são feitas para o tratamento da anemia ferropriva”, ressalta o hematologista Douglas. 

Tratamento

De acordo com os hematologistas, o tratamento da anemia vai depender da causa. “Por exemplo, na anemia ferropriva, a reposição do ferro por via oral ou venosa e a busca da perda deste mineral é a melhor forma de tratamento”, explica Caio. 

Já no caso das anemias genéticas, o tratamento consiste na redução da hemólise, que é a destruição precoce das hemácias. “Para isso, usamos um remédio chamado de hidroxiureia, que é amplamente disponível no SUS ou, nas formas mais graves, transfusão sanguínea”, explica Douglas. 

You may also read!

Gravidez após os 40 cresce no Brasil

IBGE registra aumento no número de mulheres grávidas aos 40 anos. Kesia Grigoletto O número de mulheres tendo filhos

Read More...

Desvendando mitos: é seguro esquentar comida no micro-ondas?

A Organização Mundial da Saúde garante que não gera problemas para a saúde. Davi Sousa Desde sua invenção na

Read More...

Comer próximo ao treino pode afetar o rendimento da musculação

O processo digestivo tem um impacto significativo no treino, desviando a energia dos músculos e concentrando nos órgãos gastrointestinais.

Read More...

Leave a reply:

Your email address will not be published.

Mobile Sliding Menu