Números apontam a Bahia como o estado mais violento do Brasil

In Geral, Política

O estado lidera o ranking por possuir os quatro municípios mais perigosos do país e, só em 2022, registrou quase 7 mil mortes por assassinato.

Sara Helane

A Bahia lidera o ranking nacional dos municípios mais violentos, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os números são de 2022 e o estudo levou em conta apenas municípios com mais de 100 mil habitantes. As cidades baianas que lideram a lista são, respectivamente: Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari.

O estudo levou em consideração o número de mortes violentas e intencionais em cada município. Essas mortes estão relacionadas à homicídios dolosos e qualificados, como feminicídios, além de lesões no corpo que ocasionam óbitos, latrocínios (o roubo seguido de morte), mortes de policiais e os assassinatos cometidos por eles.

Violência na Bahia

Quando se fala de violência no Brasil, muitos pensam em Rio de Janeiro e São Paulo como os estados mais violentos. Porém, de acordo com o relatório, em 2022, tais estados não ocuparam protagonismo no índice de violência. Itaguaí é a cidade carioca mais violenta e se encontra na 16ª colocação do ranking. Já as cidades paulistas nem aparecem na lista das 50 mais perigosas. A Bahia possui 12 municípios entre os 50 mais violentos e o Rio de Janeiro possui apenas seis.

Para entender melhor, em 2022 a Bahia registrou 6.659 mortes intencionais e violentas. Jequié, lidera com a taxa de 88,8 em mortes para cada 100 mil habitantes. As outras três cidades que seguem Jequié têm taxa superior à 80,0. Segundo os dados do relatório, o estado ainda registrou mais de 10 estupros por dia, somando 4,5 mil vítimas no ano. 

O coordenador da Rede de Observatórios da Segurança Pública na Bahia, Eduardo Ribeiro, contou ao podcast “O Assunto”, que organizações criminosas enxergam a região baiana como um ponto estratégico para a circulação de produtos ilegais. “[O mercado do narcotráfico] enxerga o Brasil e particularmente o Nordeste como um ponto importante de distribuição para a Europa e para o continente africano”, explica.

Com relação à Bahia, o ponto estratégico que o coordenador fala, está ligado ao fato de que o estado faz divisa com as regiões Nordeste, Sudeste e Norte. Além disso, o território baiano é banhado a leste pelo oceano Atlântico, o que facilita a exportação e importação de produtos ilegais pelo mar.

Ribeiro ressaltou ainda que estas organizações criminosas utilizam a localização dessa região para a migração de grupos ligados ao comércio de drogas e de armas do Sudeste para o Nordeste. “Isso tem colaborado e ampliado a intensificação dos conflitos que já existiam”, completa. 

Mesmo liderando o número de mortes violentas em 2022, houve uma queda de 9% no número de mortos por homicídio. Em 2021, o  Anuário Brasileiro de Segurança Pública contabilizou 7.069 assassinatos no estado.

Jequié

Márcio Silva Lima é coordenador de jornalismo na rádio 93FM em Jequié e conta que mesmo com a cidade estando no ranking como a mais violenta do país, ele nota que a violência está relacionada à quantidade de operações policiais que são feitas no combate ao crime. “Vivenciamos uma disputa pelo tráfico de drogas no município. Os índices referem-se a isso e a atuação da PM no combate à criminalidade. O número de mortes de inocentes é baixo”, relata.

Lima ressalta que, apesar de não sentir a violência ser tão forte na cidade onde mora, ele evita deixar os vidros do carro aberto e procura não transitar por lugares pouco movimentados para preservar a própria segurança. O jequieense ainda diz que a segurança pública da cidade atende a população de maneira satisfatória. 

Com relação às notícias relacionadas à violência, Lima relata que vê excessos em alguns dos veículos que produzem e distribuem informações da cidade. “Penso que muitos veículos acabam propagando tais notícias sem um ‘filtro’, não defendo que se omitam as informações, mas que se divulguem sem sensacionalismo. Infelizmente a notícia trágica dá mais audiência, talvez seja por isso que muitos agem com excessos”, completa.

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