Bilinguismo traz vantagens para os estudos e memória

In Cultura, Geral

Pesquisa mostra que pessoas bilíngues têm a memória melhor.

Sâmilla Oliveira

Você já imaginou que ser uma pessoa bilíngue além de impulsionar seu currículo, pode melhorar a memória? Recentemente, um estudo publicado na revista Science Advances, revelou que, quando o assunto é memória, as pessoas bilíngues, na verdade, podem ser privilegiadas.

Quando se trata de linguagem e memória, a habilidade de falar mais de um idioma pode proporcionar vantagens surpreendentes. As pessoas bilíngues, que têm a capacidade de alternar o processo de raciocínio entre dois idiomas distintos, podem enfrentar um desafio interessante: a competição entre os dois ou mais idiomas em seu cérebro.

Um novo estudo publicado na revista Science Advances investigou como essa competição linguística afeta a memória. A pesquisa revelou que apesar dos desafios adicionais, os bilíngues podem colher benefícios cognitivos significativos.

Quando interagimos com a linguagem, nosso cérebro está constantemente gerando previsões sobre o que ouviremos a seguir. Isso se assemelha ao jogo da forca, no qual adivinhamos uma palavra oculta com base em algumas letras reveladas. No entanto, as pessoas não esperam ouvir uma palavra completa para começar a planejar sua resposta. O cérebro inicia esse processo com os primeiros sons da palavra, preenchendo as lacunas e ativando uma lista de possíveis palavras com base em dicas contextuais.

Respostas em “portunglês”

A pesquisa explica que os idiomas que essas pessoas conhecem estão interconectados em seus cérebros, o que significa que quando ouvem os primeiros sons de uma palavra, diversas opções em ambos os idiomas são ativadas. Isso ocorre porque o mesmo sistema neural que processa seu idioma principal também processa o segundo idioma. Essa competição entre palavras torna a seleção da palavra correta mais desafiadora para os bilíngues.

Para Bruno Santos, essa competição é evidente. “Muitas vezes eu não percebo. Às vezes eu estou conversando com os meus pais e as pessoas de fora falam que eu fico pulando de uma língua para outra, e eu simplesmente não percebo. Tem coisas que fazem mais sentido no inglês e coisas que fazem mais sentido no português”, declara. 

Bruno foi morar nos Estados Unidos ainda pequeno e confessa que existem momentos em que se expressar em inglês faz mais sentido. “Existem palavras que na minha cabeça encaixam melhor nessa língua. Por exemplo, aspirador de pó. Eu nunca vou falar aspirador de pó naturalmente. A palavra para mim sempre vai ser vacuum. Mesmo falando em português essa vai ser a palavra que vai vir à mente”, conta. 

Pensar no segundo idioma ajuda no aprendizado

Para Vitória Marques, a possibilidade de pensar em idiomas diferentes é uma oportunidade de aprendizado. “Uma das dicas que eu recebi para aprimorar o segundo idioma é passar a pensar nele e não apenas traduzir para o inglês, por exemplo. Eu comecei a pensar em inglês e atualmente eu penso muito mais em inglês do que em português”, explica. 

Ela conta que quando se trata de temas complexos, prefere se expressar em determinado idioma. “Eu consigo me expressar de forma muito mais bonita e poética em inglês”, relata Vitória. Para ela, existem conceitos que não se podem traduzir ou transmitir, como a palavra “saudade”, por exemplo, que não existe na língua inglesa. “Muitas vezes eu tenho que usar o recurso da língua portuguesa dentro da língua inglesa e vice-versa. Isso com certeza me força a lembrar de mais palavras e expressões”, comenta.

Outro exemplo de como é a experiência de viver a vida em dois ou mais idiomas é a confissão da atriz Bruna Marquezine. “Eu me sinto limitada quando falo inglês. Estou sendo eu mesma, mas uma versão menos interessante. Em português eu sou mais legal, mais rápida e mais engraçada. Em inglês, às vezes, demoro um pouco para me comunicar”, contou em entrevista ao podcast Lone Lobos.

A pesquisa divulgada na revista Science Advances provou que o bilinguismo não só aumenta a complexidade da competição linguística no cérebro, como oferece benefícios tangíveis à memória e à capacidade de categorização. Embora os bilíngues possam enfrentar uma maior concorrência de palavras, esse desafio extra parece resultar em uma vantagem cognitiva. No cenário global cada vez mais multicultural, entender como o cérebro responde a múltiplos idiomas é crucial para compreender o potencial de nossas capacidades cognitivas.

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