Ceratopigmentação: muito além da estética

In Geral, Saúde

Conheça a técnica que é utilizada para ajudar na autoestima de pessoas com olho branco.

Cristina Levano

A córnea branca é uma condição na qual a córnea, a camada transparente na frente do olho, aparece branca em vez de transparente. Esta condição, pode gerar estigmas sociais negativos para a pessoa que possui o “olho branco”, o que os leva a buscar alternativas para ocultar essa alteração.

No entanto, muitas vezes eles são intolerantes a lentes de contato cosméticas ou próteses oculares, sendo comum a queixa de desconforto excessivo proporcionado pela superfície corneana irregular, o que os leva a buscar outros métodos, como a ceratopigmentação (KTP). 

Esta técnica, também conhecida como tatuagem nos olhos, é um procedimento que envolve a introdução de pigmentos coloridos na camada córnea do olho, estoma, com o objetivo de alterar a sua coloração. 

O Dr. Alexandre X. da Costa, oftalmologista e especialista em ceratopigmentação, relata que “o procedimento é uma alternativa promissora para a melhora estética de pacientes com opacidades corneanas. É comum os pacientes ficarem bem comovidos ao se verem no espelho a primeira vez após a cirurgia”.

Técnicas e pigmentos

Os avanços mais recentes em termos de qualidade das tintas de tatuagem e micropigmentação, biossegurança e esterilidade, além da sua fiscalização pela Agência de Vigilância Sanitária, assim como o desenvolvimento de novas técnicas e equipamentos, permitem que o procedimento seja realizado com maior segurança para o paciente e com resultados cada vez mais realísticos.

A ceratopigmentação é realizada em um ambiente controlado, por profissionais treinados e experientes na técnica. Durante o procedimento, o pigmento é cuidadosamente aplicado na superfície do olho branco por meio de uma pequena agulha, semelhante à usada em tatuagens. A aplicação do pigmento é um processo lento e meticuloso, sendo feita em várias sessões para atingir o resultado desejado.

Os pigmentos utilizados nas técnicas modernas da KTP são tintas de tatuagem ou de micropigmentação, desde que sejam registradas na Anvisa. 

De acordo com o Dr. Alexandre, isso garante que elas sejam biocompatíveis, atóxicas, estéreis e seguras para o uso no corpo humano. As cores são selecionadas de acordo com a cor do olho contralateral, e misturadas para conseguir as tonalidades exatas e subtons. “É preciso um conhecimento de colorimetria e um olhar artístico para chegar nas tonalidades certas e tentar pigmentar as cores de uma forma realística e que fique semelhante ao outro olho”, explica o doutor.

As técnicas de KTP se dividem em superficiais e estromais. As superficiais podem ser divididas em manual e automatizada, e as técnicas intraestromais podem ser divididas em manual e assistidas por femtossegundo. 

A ceratopigmentação superficial manual foi uma das primeiras utilizadas, antes do desenvolvimento dos dispositivos automatizados. Nela, utiliza-se a extremidade de uma agulha estéril, coberta com o pigmento que será utilizado, seguido de várias punções tangenciais efetuadas, no estroma corneano, como uma micropuntura.

Da mesma maneira, a KTP superficial automatizada apresenta o mesmo princípio da técnica anterior, colorindo a córnea através de punções tangenciais no estroma corneano. Sua diferença encontra-se na utilização de um dispositivo eletrônico que realiza de maneira automatizada as micropunções. 

Já a ceratopigmentação intraestromal manual apresenta como conceito base a realização de uma dissecção lamelar superficial da córnea, com aplicação intraestromal direta de pigmento.

Finalmente a KTP intraestromal assistida por laser femtossegundo, é uma técnica utilizada para criar os túneis intraestromais onde serão injetados os pigmentos para simular a cor iriana e a pupila.

Cuidados

Embora a KTP seja uma técnica relativamente segura, é importante observar que qualquer procedimento ocular apresenta algum risco, tais como risco de infecções, hematoma e inflamação ocular. Os benefícios são estéticos e psicossociais, por se tratar de uma cirurgia reparadora, para melhorar a autoestima e diminuir o preconceito.

Os resultados da ceratopigmentação podem variar dependendo do indivíduo e da gravidade de sua condição ocular. Para evitar complicações, é importante escolher um profissional com experiência na técnica e seguir atentamente as orientações pós-operatórias. 

Subindo a autoestima

Muitas pessoas relataram melhorias significativas em sua autoestima e qualidade de vida após a aplicação da técnica.  “Eu não aceitava ver o meu olho branco. Depois da cirurgia de ceratopigmentação, me sinto uma nova pessoa. Passei a acreditar mais em mim mesma e não me sinto mais inferior às outras pessoas. Hoje corro atrás do que eu quero, sem medo do julgamento,”  disse Luana Moreira, que passou por este procedimento, em uma mensagem de gratidão.

Assim como a Luana, especialistas como o Dr. Xis já mudaram a vida de pessoas de todas as regiões do Brasil e do mundo. Por outro lado, ainda existem muitas pessoas, até mesmo oftalmologistas, que ainda não sabem que essa técnica está disponível.

Trabalhando em conjunto com as empresas fabricantes das tintas, “podemos melhorar a qualidade dos pigmentos e dos materiais utilizados, para que fiquem cada vez mais adequados à córnea,” explica o oftalmologista.

O Dr. Alexandre espera poder levar o procedimento a quem precise, para de fato poder resgatar a autoestima dessas pessoas, que normalmente se escondem da sociedade por terem vergonha do olho esbranquiçado.

Ceratopigmentação ajuda a autoestima dos pacientes.
Procedimento é realizado com segurança atualmente. Foto: Arquivo Pessoal / Dr. Xis

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