Violência é recorrente nos transportes públicos de São Paulo

In Geral, Política

Dados alertam para um aumento no números de delitos cometidos.

Natália Goes

De acordo com uma observação feita pela equipe da ABJ, cerca de 20 pessoas foram vítimas de roubos e furtos nos transportes públicos da cidade de São Paulo neste ano de 2022. A criminalidade tem afetado inúmeros paulistanos, os crimes estão distribuídos por toda a cidade.

Os crimes acontecem em toda a capital, porém, a criminalidade é quase inexistente nos bairros mais nobres como Morumbi. Apesar que nem as partes mais nobres da cidade tem saído ilesa. Embora seja mais comum nas linhas  dos bairros mais periféricos, as linhas nobres também têm sofrido.

Além da diferença geográfica, de roubos e furtos, existe também a diferença nos horários em que os crimes ocorrem. Com a superlotação dos transportes públicos o furto é favorecido, pois o criminoso pode subtrair de uma bolsa uma carteira ou celular de forma rápida, imperceptível e retornar para o meio das pessoas.

Situações recorrentes

Em junho de 2022, Laila Rodrigues, auxiliar de escritório, estava voltando para casa depois do trabalho quando foi furtada dentro do ônibus EMTU 422 Itapevi e contou detalhes de como foi. “Quando estamos cansados tudo o que a maioria quer é entrar no ônibus e dormir, eu estou grávida então parece que o sono é maior, coloquei tudo dentro da minha bolsa, a blusa em cima da bolsa e dormi. Quando vai chegando ali na divisa de cotia e Itapevi o ônibus fica muito movimentado, pois a maioria desce lá, inclusive eu”, relembra.

Ela ainda relata toda a movimentação e sua preocupação em estar vulnerável. “Não vi quem foi, mas depois que eu desci do ônibus vi que minha bolsa estava aberta e que haviam pego o meu celular, só não pegaram minha carteira, pois, ela estava debaixo dos meus exames e a caderneta de gestante. Não chegaram a me machucar, mas eu precisava do celular pra se caso acontecesse algum problema na rua comigo, teria como avisar”, conta.

A auxiliar de escritório diz que não teve como fazer uma ocorrência pois o sistema de segurança do ônibus não estava funcionando. “Não consegui nem reclamar, pois as câmeras do ônibus nem ligadas estavam”, relata.

A violência nos transportes públicos tem sido recorrente e a população tem medo e se sente desconfortável em falar sobre o assunto. “Depois de dois dias, uma moça no ponto de ônibus disse que tinha um homem que entrava no ônibus e estava pegando os celulares das pessoas de dentro da bolsa, não aconteceu só comigo. A gente tem medo de falar, pois não sabemos se vão nos machucar”, conta Laila.

Apesar da violência nos transportes públicos as pessoas precisam utilizar o serviço para se deslocarem para as suas atividades diárias, e desenvolvem táticas para enfrentar o trauma e se proteger da violência nos transportes. “Fiquei um bom tempo sem celular, sem bolsa ou mochila no ônibus, tudo era guardado em pasta ou na própria blusa e no corpo, tudo isso por medo de que fizessem algo novamente”, confessa Laila.

Outra ocorrência da violência em transportes públicos foi com o colega de trabalho da Bruna Formicoli, que foi assaltado na estação da República. “Ele trabalhou comigo e sofreu o assalto na república bem no dia da entrevista de emprego”, diz Bruna.

Posicionamento do STM (Metrô, CPTM) e SSP

Em nota, a Secretaria de Transportes Metropolitanos (Metrô e CPTM) informou que está intensificando a segurança junto com a Polícia Militar.

Metrô

“O Metrô está intensificando a segurança em suas estações com um conjunto de medidas, que envolve um convênio com a Polícia Militar para auxiliar os agentes da Companhia na prevenção e coibição de ocorrências, além da detenção de infratores. Também conta com o apoio da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) para o uso de detectores de metal, que auxiliam na identificação do porte de armas de metal e inibem a ação de infratores. As estações Saúde e Pedro II já receberam torres de detecção como um projeto-piloto, permitindo a análise da funcionalidade e elaboração de novas estratégias de atuação.

A Companhia também colabora com as investigações policiais em todos os casos. Mesmo com números que demonstram a queda dos indicadores de segurança pública – roubos e furtos de celulares caíram 39% e 59%, respectivamente, nos 6 primeiros meses de 2022, comparado ao mesmo período de 2019 –, as medidas de reforço pretendem reduzir ainda mais essas ocorrências e melhorar a viagem dos passageiros”.

CPTM

“A CPTM investe constantemente em ações de segurança que reforçam o patrulhamento ostensivo e preventivo no sistema. Entre elas, escolta em mais de 80% dos trens fora dos horários de pico, equipe de segurança em todas as estações e convênio com a Polícia Militar – DEJEM (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar) em 50% das estações da companhia, que atuam em ocorrências nas plataformas e dentro dos trens em casos que envolvam, por exemplo, crimes de furtos, roubos, importunação sexual, venda de bilhete ilegal e os demais crimes previstos em leis estaduais e no Código Penal.

Além disso, a CPTM possui uma central de monitoramento da segurança, funcionando 24h por dia, 7 dias por semana, com colaboradores trabalhando por turno, que controlam mais de 9 mil câmeras em estações e outras dependências da companhia. 

Os resultados do planejamento para garantir a segurança dos passageiros podem ser comprovados na prática, já que entre 2021 e 2022, por exemplo, entre janeiro e agosto a demanda de passageiros cresceu 28,5%, enquanto o número de ocorrências por milhão de passageiros – que mede a eficácia operacional da área de segurança – teve, no mesmo período, uma redução de 17,2%”. 

Segundo o comunicado, para garantir a segurança dos usuários que utilizam as Linhas 4- Amarela e 5- Lilás de metrô, e 8- Diamante e 9- Esmeralda, a ViaQuatro e Viabilidade implantaram uma série de ações, como a “ampliação do número de Agentes de Atendimento e Segurança (AASs) em trens, plataformas e mezaninos das estações. Além disso, os agentes passaram a contar com body cams, o que permite maior transparência em relação às ações realizadas. As quatro linhas contam com 5.052 câmeras que realizam o monitoramento ininterrupto de todo o sistema operado pelas concessionárias, medida que contribui de forma decisiva para a segurança.  Além disso, as concessionárias realizam, regularmente, campanhas de conscientização sobre o tema, sempre em pontos diferentes como uma estratégia de atingir um maior número de pessoas”.

A STM ainda reforça que “a participação da sociedade no combate a esses crimes é fundamental. A companhia orienta que, caso presencie qualquer atitude suspeita ou ocorrências de furto ou roubo, as pessoas acionem a segurança em trens e estações ou entrem em contato com a CPTM por meio do telefone 0800 055 0121 ou pelo WhatsApp (11) 99767-7030 – não é necessário se identificar e o anonimato é garantido”.

Procurada, a SSP não respondeu aos contatos.

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