Cientistas brasileiros usam o Twitter para popularizar conhecimento especializado

In Ciência e Tecnologia, Geral
Cientistas fazem divulgação no Twitter

Além de proporcionar entretenimento, o acesso à ciência nas redes sociais auxilia no combate à desinformação.

Mariana Santos

A presença de divulgadores científicos nas redes sociais, sobretudo no Twitter, tem se tornado cada vez mais evidente. Em perfis que possuem mais de 50 mil seguidores, temas técnicos que costumavam pertencer ao contexto de pesquisa, como piebaldismo, são apresentados de forma simples para qualquer pessoa interessada.

Piebaldismo pode parecer um nome complicado mas, de acordo com o perfil Papo de Cobra, nada mais é que uma “desordem genética que causa despigmentação apenas em certas áreas do corpo”. A publicação feita no Twitter recebeu 640 curtidas (até o momento) e mais de 40 comentários entre perguntas e informações adicionais, demonstrando o interesse do público mesmo por um assunto consideravelmente específico.

O administrador da conta é o Mestre em Informação e Comunicação em Saúde, Claudio Machado que trabalha com serpentes desde o segundo período da graduação em Biologia. Apesar de ter muita experiência com divulgação científica, foi apenas há cinco anos que Claudio decidiu migrar para a internet.

Por que fazer divulgação científica?

Atualmente o biólogo trabalha no Instituto Vital Brazil, um laboratório oficial do Estado do Rio de Janeiro que produz soros e medicamentos. Porém, Claudio conta que trabalhou por um longo período dando palestras para escolas, bombeiros, policiais e qualquer instituição que sentisse necessidade de aprender mais sobre serpentes.

Claudio, que possui doutorado na área de Medicina Tropical, afirma que é necessário popularizar a informação técnica. “Eu escrevi com uma aluna um artigo sobre acidentes ofídicos no interior de Minas Gerais e o trabalho saiu nos Estados Unidos em inglês, ou seja, lá ninguém nem sabe onde fica Minas Gerais e o público que eu quero que leia não lê em inglês e muito menos um artigo dos Estados Unidos”, explica.

Quando decidiu levar o seu trabalho como um divulgador científico para a internet, o biólogo criou um canal no YouTube chamado “Papo de Cobra”, que inicialmente seria composto de entrevistas com especialistas. Claudio, contudo, mais uma vez teve dificuldade com a linguagem técnica usada pelos convidados que ele entrevistava, por isso decidiu produzir um novo tipo de conteúdo sozinho.

Ao notar a adesão do público à linguagem simples dos vídeos que ele produzia, o biólogo aumentou o alcance de suas publicações produzindo também para o Instagram e o Twitter. Hoje, somando os seguidores nas diferentes plataformas, o Papo de Cobra é acompanhado por mais de 130 mil perfis.

Relevância social

Quando questionado sobre o motivo da popularização de divulgadores científicos, o especialista aponta o “contexto pandêmico” como um fator determinante para o surgimento de novos perfis. O estudante de biologia Mateus Ribeiro, mais conhecido no Twitter como “Mateus dos Fungos“, concorda com Claudio e acrescenta mais uma possibilidade: a necessidade crescente de combate a informações falsas.

Mateus estuda biologia na Universidade Federal da Bahia e trabalha com taxonomia de macrofungos, ou seja, trabalha na área da biologia que é responsável por nomear e descrever os organismos de acordo com as suas características. 

Segundo o estudante, a escolha de tantos pesquisadores pela divulgação científica foi também pela falta de informação. “Nos últimos anos a gente viu um aumento muito grande de propagação de informações falsas e nocivas. São pessoas que não tem nenhuma expertise dando opinião em assuntos sérios (…), então se fez necessário que pesquisadores ocupassem esse espaço”, defende Mateus.

O estudante explica que sonhava em ser “cientista” desde criança, quando assistiu a um programa em que o biólogo Sérgio Rangel aparecia. “Eu perguntei para a minha mãe o que aquele homem fazia e ela me disse que ele era biólogo. Naquele momento eu soube o que eu queria ser quando crescesse”, relembra o estudante.

A presença de profissionais competentes nos mais variados meios, como a televisão e a internet, é essencial para inspirar jovens que se interessam pela pesquisa. Além disso, de acordo com biólogo Claudio: “divulgar essas iniciativas é sempre muito bom para a ciência no Brasil.”

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